EUA têm 36,5 milhões de pobres

Por Gazeta Admininstrator

O índice de pobreza nos Estados Unidos registrou no ano passado sua primeira baixa significativa desde 2000, mas o número de pessoas sem seguro médico aumentou em 2,2 milhões, segundo um relatório divulgado pelo Escritório do Censo dos Estados Unidos.

A análise, de 78 páginas, oferece uma radiografia das condições socioeconômicas em todo o país, e chega em um momento no qual a economia americana tenta afastar a ansiedade causada pela baixa no mercado de bens imobiliários.

Segundo o documento, o índice de pobreza caiu de 12,6%, em 2005, para 12,3% no ano passado, a primeira diminuição significativa desde 2000, quando George W. Bush foi eleito presidente.

No entanto, o número de pessoas sem cobertura médica passou de 44,8 milhões (15,3% da população), em 2005, para 47 milhões (15,8%) em 2006, indicou o relatório.

O aumento do número de pessoas que não têm cobertura deu fôlego à oposição democrata que, frente às eleições presidenciais de 2008, afirma que as políticas econômicas do Governo Bush deixaram de lado boa parte da população americana.

“Desde 2000, pioramos como país. Esse número é inaceitável para um país industrializado como o nosso, uma vez que outros países têm cobertura universal”, disse à agência Efe Elise Gould, economista do Instituto para Política Econômica (EPI), um centro de estudos econômicos em Washington.
“Isto confirma a preocupante tendência que vimos nos últimos seis anos sobre a deterioração do sistema de cobertura médica”, acrescentou o especialista.

O relatório anual serve, em parte, para auxiliar na distribuição de fundos fede-rais para programas de assistência social, como subsídios de habitação e cupons de alimentação.

Para receber ajuda do Governo, a receita anual de uma família de quatro membros, com duas crianças, não deve ultrapassar os $20.444.
Segundo a análise, o número de pobres caiu de 36,9 milhões, em 2005, para 36,5 milhões, enquanto a receita média das famílias no país aumentou pelo segundo ano consecutivo em 0,7%, para $48.201.

A pobreza seguiu afetando com mais força jovens e crianças, já que o índice neste grupo demográfico foi de 17,4% (12,8 milhões), ao tempo que o número de menores sem seguro médico aumentou em 700 mil, para um total de 8,7 milhões.

Estes números contrastam com o total de pobres maiores de 65 anos, que foi 3,4 milhões (9,4%).

A quantidade de hispânicos na pobreza continua em 9,2 milhões de pessoas, mas o índice de pobres entre este grupo caiu de 21,8%, em 2005, para 20,6% em 2006.
Enquanto isso, o nível de pobreza registrou poucas alterações entre os brancos (8,2%), negros (24,3%) e asiáticos (10,3%), segundo o relatório.
Tanto as famílias lideradas por pessoas nascidas nos Estados Unidos como as encabeçadas por estrangeiros registraram um aumento em suas receitas, entre 2005 e 2006.

Nas famílias chefiadas por americanos, a receita média subiu 1,3%, para $49.074, enquanto entre os estrangeiros, aumentou 4,1%, para $39.497.
A situação salarial das mulheres não melhorou em relação a 2005, já que se-guem ganhando $0,77 por cada dólar obtido pelos homens.

Em 2006, a receita média de um homem foi de $42.300, em comparação com os US$ 32.500 recebidos em média pelas mulheres.

O legislador democrata Charles Rangel, presidente do Comitê de Arbítrios da Câmara de Representantes, disse que a análise do Escritório do Censo reflete o fracasso das políticas econômicas de Bush.

“Muitos americanos se encontram atolados no profundo fosso feito pelas políticas econômicas que favorecem os ricos. Esta não é uma história de sucesso”, disse Rangel.

Robert Greenstein, diretor-executivo do Centro para Prioridades Políticas e Orçamentárias (CBPP), disse, por sua vez, que o relatório é “decepcionante”.

“Os números confirmam que o crescimento econômico dos últimos anos foi desigual, e que os lucros se concentraram nas mãos daqueles que já possuem maior renda. As classes média e trabalhadora não se beneficiaram da prosperidade que o Governo atribui a suas políticas econômicas”, criticou.