EUA tiveram explosão de imigração em cinco anos

Por Gazeta Admininstrator

Durante os últimos cinco anos, mais imigrantes chegaram aos Estados Unidos do que em toda a história do País. Foram quase 8 milhões, de acordo com um recente estudo publicado pelo Centro Para Estudos de Imigração (Center for Immigration Studies). Esse fluxo tem estimulado os debates em torno do do tema. É necessário, no entanto , acreditam estudiosos do tema, distinguir com clareza o que são os problemas reais causados pela imigração e o que são mitos.

Provavelmente, o mito número um sobre imigração é o de que ele pre-judica a economia. Na realidade, estimativas conservadoras apontam para uma entrada líquida de capitais nos EUA de aproximadamente $20 bilhões, originada pela imigração. Ao invés de reconhecer tal vantagem, críticos da imigração, tipicamente, alegam que os imigrantes “roubam” empregos dos americanos, depreciam os salários e drenam a arrecadação de impostos utilizando os serviços sociais por ela mantidos.
Em oposição, defensores da presença imigrante no País acreditam que em uma economia de consumo como a norte-americana, onde mais e mais produtos e serviços são consumidos diariamente, o número de tra-balhos disponíveis é praticamente ilimitado. Nesta ótica, quando há mais trabalhadores, mais postos de trabalho são criados.
Na opinião dos menos conservadores, não há muita discussão quanto ao fato de que as vagas de trabalho ocupadas por imigrantes são aquelas que não interessam aos traba-lhadores americanos. Assim sendo, impedir que imigrantes ocupem tais vagas resultaria em conseqüências negativas para produtores e consumidores americanos.
Um exemplo que confirma tal posição é o fato de apenas 30% da última safra de alface produzida no Arizona ter sido colhida, em função da redução de oferta de mão-de-obra, provocada, principalmente, pelo “endurecimento” das medidas de vigilância de fronteira. As perdas, estima o setor, aproximam-se de US$ 1 bilhão. Simplesmente, não havia trabalhadores suficientes interessados em fazer a colheita por salários que permitissem alguma margem de lucro aos plantadores.
Em artigo publicado recentemente, Benjamin Powell, diretor do Centro de Inovação Empreendedora do Instituto Independente de Oakland, e professor assistente de Economia da Universidade Estadual de San Jose, observa que na indústria de vestuário, quase um terço dos trabalhadores são imigrantes, e que cada vez mais os EUA recorrem ao mercado internacional para assegurar o abastecimento interno. “Se não fosse pela imigração nós estaríamos, provavelmente, importando ainda mais itens de vestuário”, acredita o acadêmico.
Ele cita ainda ocupações que requerem elevado nível de especialização, tal como a engenharia de softwares, segmento no qual quando as empresas não estão autorizadas a “importar” mão-de-obra, observa ele, acabam enviando o trabalho para os especialistas no exterior.
Powell defende ainda que uma outra conseqüência da imigração é o fato de que, uma maior disponibilidade de trabalho, mais produtos e serviços são produzidos o que, segundo ele, leva à redução de preços e ao aumento do poder de compra do povo americano. Finalmente, acrescenta, uma força de trabalho mais ampla pode aumentar a lucratividade de investimentos de capital.
Até mesmo o economista de Harvard George Borias, um proeminente crítico da imigração, admite que se são aumentados os estoques de capital, o suficiente para manter os retornos constantes, a imigração não reduziria os ganhos médios dos americanos.
Uma ampla pesquisa publicada pelo Journal of Economic Perspectives chegou à seguinte conclusão: “Apesar da crença popular de que a imigração tem um amplo impacto negativo nos ganhos e oportunidades de emprego da população americana nativa, a literatura nesse aspecto não oferece muito suporte à essa conclusão”, diz o estudo.
O caso econômico da livre imigração, afirma Powell, não é fundamentalmente diferente dos casos do livre mercado ou da livre mobilidade de capital. Autorizar bens e serviços, capital e trabalho a movimentarem-se livremente significa autorizá-los a estar sintonizados com seus usos mais eficientes, e resulta em benefícios para as economias doméstica e mundial.
A alegação, segundo ele, de que a imi-gração provoca custos tributários, tem algum mérito. Esse, no entanto, acredita Powell, é um problema fundamentalmente de políticas públicas, não um problema econômico. Reformas de políticas, finaliza, poderiam solucionar o problema reduzindo os serviços sociais aos quais imigrantes e seus filhos têm direito a usufruir.
O acadêmico conclui o artigo afirmando que “a imigração traz benefícios econômicos e, portanto, não deveria ser artificialmente limitada”. Uma reforma verdadeiramente positiva para os Estados Unidos, finaliza o especialista, deveria concentrar-se em criar um política de abertura para a imigração que, ao mesmo tempo, incluísse limitações para problemas reais gerados pela imigração. Ele cita como exemplo a restrição a eventual possibilidade de voto dos imigrantes.