Com 253 tiroteios em massa, EUA analisam compra e posse de armas

Aproximadamente 14 milhões de armas novas são compradas por civis todo ano, segundo Aaron Karp, pesquisador do Small Arms Survey

Por Arlaine Castro

Pessoas colocaram cruzes em homenagem aos 22 mortos no ataque em El Paso, Texas.

Os Estados Unidos tiveram 253 tiroteios em massa só neste ano, uma média de 1,15 por dia (cálculo feito até 5 de agosto), segundo o site Gun Violence Archive - que compila dados de autoridades policiais como o FBI desde 2013 e que considera como "tiroteio em massa" todo aquele em que ao menos quatro vítimas foram feridas ou mortas — sem contar o autor dos disparos.

Em 2018 foram 340 ataques do tipo registrados. Já em 2017 e 2016, o grupo registrou 346 e 382 eventos desse tipo, segundo o site.

Após os dois ataques em massa ocorridos nos dias 3 e 4, no Texas e em Ohio, respectivamente, que causaram a morte de 31 pessoas, o presidente Donald Trump pediu aos senadores e deputados que estudem um projeto de lei que exija "fortes verificações de antecedentes" para a compra de armas o país, mas disse que o projeto deve estar ligado à "reforma da imigração".

EUA em número

de armas

Os Estados Unidos concentravam 46% das 857 milhões de armas em mãos de civis em todo o mundo em 2017, segundo a Small Arms Survey (SAS). "A população americana comum compra aproximadamente 14 milhões de armas novas e importadas a cada ano", contabilizou Aaron Karp, autor da pesquisa do SAS.

Os Estados Unidos são um dos poucos países onde o direito de portar armas é protegido pela Constituição. De acordo com o Pew Research Center, o fator proteção está no topo da lista de razões dadas para ter uma arma de fogo, votada por 67% dos donos de armas. Caça (38%), tiro esportivo (30%) e coleta de armas (13%) aparecem em seguida.

A maioria (44%) dos entrevistados da Pew afirmou que conhece pessoalmente alguém que foi baleado, acidentalmente ou intencionalmente e a maioria (57%) diz que as leis sobre armas devem ser mais rigorosas.

Segundo Brady, um grupo norte-americano de prevenção da violência armada, 310 pessoas são mortas nos Estados Unidos todos os dias. Entre esses, 100 são mortos e outros 61 morrem de suicídio.

Leis e antecedentes

criminais

A verificação de antecedentes criminais é processada pelo sistema National Instant Criminal Background Check, que pode aprovar, atrasar ou negar uma compra.Porém, se o NICS não apresentar nenhum registro e o indivíduo não mostrar sinais evidentes de instabilidade mental, há pouco que um revendedor possa legalmente fazer para interromper a venda.

De acordo com o chefe de polícia de El Paso, o rifle estilo AK-47 foi comprado legalmente pelo atirador, assim como o de Ohio.

Lei Red Flag

Conhecida como "ordens de proteção contra riscos extremos", que permite a uma autoridade apreender armas de fogo de pessoas consideradas perigosas para si ou para terceiros, a lei "Red Flag" em vigor na Flórida e outros 16 estados, permite que apenas policiais solicitem no tribunal para remover as armas de fogo de uma pessoa considerada perigosa. A alteração na legislação, chamada 'Berman-Stark', propõe que mães, pais, avós, padrastos, irmãos, cônjuges e guardiões também tenham autoridade para fazer o pedido do tribunal.

Massacre em El Paso

teve motivação

anti-imigrante?

22 pessoas foram mortas e outras 24 ficaram feridas depois que Patrick Crusius, de 21 anos, abriu fogo em uma loja da rede Walmart em El Paso, no Texas, na manhã de sábado, 3. As autoridades o prenderam ainda no local.

Oito cidadãos mexicanos estão entre os mortos e o tiroteio está sendo tratado como um ato de terrorismo doméstico, segundo o FBI. O atirador teria escrito e publicado um manifesto defendendo a supremacia branca e colocando a imigração como "invasão".

El Paso fica bem na fronteira com o México e tem 80% de sua população de latinos.

Segundo a polícia de El Paso, Crusius viajou 11 horas durante a noite de sua cidade natal de Allen, também no Texas, para El Paso, antes do ataque.

Conforme as leis texanas, ele pode pegar prisão perpétua, ou, muito provavelmente, ser condenado à pena de morte.