Trump condicionou ajuda à Ucrânia a caso Biden, diz embaixador

Os Estados Unidos haviam prometido 400 milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia

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Gordon Sondland confirmou troca de favor entre EUA e Ucrânia.

O embaixador americano na União Europeia, Gordon Sondland, admitiu na terça-feira, 5, que ele próprio disse à Ucrânia neste ano que a Casa Branca não iria conceder um pacote de ajuda militar até que o país prometesse investigar políticos do Partido Democrata, incluindo o ex-vice-presidente Joe Biden, por um suposto caso de corrupção na campanha presidencial americana de 2016.

Sondland afirmou ter dito a um alto conselheiro do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, que a ajuda militar americana provavelmente não seria enviada até que Kiev deixasse claro que investigaria os laços de Biden e seu filho com a empresa de energia ucraniana Burisma.

Liberação dos 400

milhões de dólares

Os Estados Unidos haviam prometido liberar em fevereiro o envio de 400 milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia para reforçar a defesa contra a Rússia. A doação ficou parada por vários meses, até que Washington autorizasse o seu envio em setembro.

"Eu disse que a retomada da ajuda dos EUA provavelmente não ocorreria até que a Ucrânia fornecesse a declaração pública contra a corrupção de que estávamos falando há muitas semanas", escreveu Sondland em um anexo a seu testemunho. Em seu depoimento oficial, em outubro, o diplomata afirmou que não se lembrava da interação com o membro do governo de Zelenski.

Segundo Sondland, ele teria se recordado após ouvir os testemunhos de William Taylor, embaixador interino dos Estados Unidos na Ucrânia, e do diplomata Tim Morrison, ambos no final de outubro. A conversa aconteceu no dia 1º de setembro, durante a visita de Mike Pence a Varsóvia.

O diplomata afirma nunca ter recebido ordens diretas do presidente Donald Trump em relação ao assunto, a não ser "falar com Rudy Giuliani [advogado pessoal de Trump e peça-chave no escândalo]". Ele já havia declarado em outubro que o presidente não tinha como objetivo uma operação anti-corrupção em termos gerais na Ucrânia.

Em um documento divulgado por líderes democratas na Câmara dos Deputados, Sondland validou a tese principal apresentada pelos congressistas que pedem o impeachment do presidente Donald Trump: a de que o governo bloqueou ajuda de segurança à Ucrânia devido a fins partidários. Reuters