Evolução dos mamíferos de Madagascar - Pense Green
A Ilha de Madagascar está situada no Oceano Índico a cerca de 480 quilômetros do litoral leste da África. Ela é separada pelo Canal de Moçambique. Porém, apesar do seu isolamento geográfico, possui, depois da Austrália, a maior quantidade de espécies endêmicas únicas do planeta. Madagascar apresentar 70 espécies diferentes de lêmures que vivem somente na ilha, e 90% de seus mamíferos, anfíbios e répteis são exclusivos.
A eterna pergunta é como uma vasta terra isolada do continente conseguiu, no decorrer dos séculos, oferecer ambiente favorável para o surgimento e desenvolvimento dessas espécies e como boas parte dessas espécies chegaram até a grande ilha?
Uma das respostas é a migração intercontinental dos mamíferos e aves ou a mais remota manutenção das espécies no processo de desligamento geológico da ilha do continente africano. O paleontologista George Gaylord Simpson (1918 – 1984) utilizou a estatística para calcular as possibilidades de migração intercontinental de espécies de mamíferos.
Diferente do que ocorre na animação “Madagascar”, os mamíferos, provavelmente, não chegaram à ilha após fugirem de um zoológico de Nova York. Diferente das teorias anteriores, que afirmavam sobre a existência de “pontes” naturais que um dia ligaram a ilha ao continente, servindo assim de passagem para a migração das espécies, pesquisadores da Universidade Purdue, nos EUA, acreditam que boa parte das espécies migraram por meio de porções de vegetação que boiaram após caírem no mar. Numa determinada época, os cientistas acreditam que fortes chuvas causaram cheias no litoral africano, arrastando animais para o fundo do mar e espécies sobreviventes que se agarraram a pedaços de árvores e plantas pelo mar até chegarem à ilha. Segundo a pesquisa publicada na revista “Nature”, a migração teria iniciado há 65 milhões de anos atrás e ocorrida de uma só vez.
O que confirmaria essa tese seria a presença atual de pequenos mamíferos na Ilha de Madagascar, pois boiar sobre um tronco seria muito difícil para mamíferos maiores, como um elefante ou uma girafa. O isolamento incentivou o desenvolvimento de espécies únicas com habilidades próprias e diferenciadas.
O estudo foi realizado por Mathews Huber, paleoclimatologista da Universidade Purdue, nos EUA; e por Jason Ali, estudioso em placas tectônicas e oceonofragia na Universidade de Hong Kong.
Eles acreditam que o fluxo de correntes oceânicas existentes há mais de 60 milhões de anos naquela região permitia uma rápida viagem para a ilha, após os animais da época sofrerem com fortes tempestades e ciclones tropicais. Apesar do isolamento, nos tempos atuais, os lêmures, por exemplo, sãos os mamíferos mais ameaçados do planeta Terra, segundo dados da UICN (União Mundial para a Conservação da Natureza). A espécie mais ameaçada é a Lepilemur septentrionalis e estima-se que apenas restem 18 animais em todo o mundo.
