“Êxodo” de brasileiros qualificados aumenta em 67% com crise no Brasil

Por Gazeta News

[caption id="attachment_90666" align="alignleft" width="300"] A paulista Patrícia Shelton com a filha, Giovana: vida nova em Weston.[/caption]

Com a crise econômica no Brasil, aqueles que já estavam cansados com a violência e corrupção estão encontrando o momento ideal para mudar de vida e começar de novo em outro país. “A crise econômica foi só o pontapé final para eu fazer as malas”, conta Patrícia Sheldon, de 41 anos, que desembarcou no sul da Flórida no dia 23 de julho para viver em Weston com sua filha, Giovana, de 8 anos.

De acordo com a Receita Federal, a emigração qualificada de brasileiros está em alta. Entre 2011 e 2015, o total de Declarações de Saída Definitiva do país — documento apresentado ao Fisco por quem emigra de vez — subiu 67%. Em 2011, a Receita recebeu 7.956 declarações, 21 para cada dia do ano. Em 2015, foram 13.288, numa média diária de 36 saídas, publicou o jornal O Globo.

Ainda de acordo com o jornal, esses números são apenas uma amostra da realidade da imigração, porque não conta com aqueles que decidem sair do país sem ficar quites com a Receita Federal, o que é geralmente uma “elite financeira e cultural”, conforme definido por Joaquim Adir, supervisor nacional de imposto de renda da Receita. “Não entram aí os brasileiros que não têm bens ou rendimentos, como crianças e jovens, nem os que querem sair de forma ilegal”.

Patrícia não fez a Declaração de Saída, pois ainda tem bens no Brasil e veio para os Estados Unidos como estudante. Enquanto estuda inglês em uma escola perto da casa que alugou, em Weston, ela estudará quais as possibilidades de um visto de investidor ou algo parecido.

Em maio deste ano, o carioca Thiago Fonseca, sua mulher e a filha se mudaram para a Filadélfia, transferidos pela empresa em que trabalha. A família morava em casa própria, no Rio, e o casal estava empregado. Mas a opção foi também a qualidade de vida. “Quero dar melhor qualidade de vida e proporcionar uma experiência diferente para minha família”, disse Thiago ao jornal O Globo.

A família ainda arruma a casa nova, mas já se surpreende com a quantidade de pessoas que dizem pensar seriamente em segui-los. Desde maio, ao menos dez já consultaram Thiago. Patrícia é veterinária, mas contou ao GAZETA que ficou desiludida com a profissão e resolveu abrir mão da própria clínica há seis anos.

Para ela que já não exercia a profissão, a decisão de sair veio depois que sua mãe faleceu, há dois anos e meio, e para que sua filha tenha mais qualidade de vida.  “O Brasil está cada vez pior. Você não pode ter um carro bom, quando sai de casa você leva mais multas porque o país está quebrado e tenta arrecadar mais. Além disso, quero que a minha filha possa sair na rua sem medo e sem ter que ver gente fumando crack ou assaltando na frente de nossa casa”, disse a paulistana que vivia no bairro da Lapa.

Patrícia disse que veio ao sul da Flórida pelo menos duas vezes este ano para procurar casa, até que decidiu alugar em Weston por um ano, enquanto decide com calma onde comprar. “A minha filha vai estudar em uma escola para qual ela irá a pé”, disse Patrícia, em tom de comparação com São Paulo. Com informações de O Globo.