Exploração nos Estados Unidos é denunciada

Por Gazeta News

Organizações de direitos humanos estão pressionando o Departamento de Estado por maior monitoramento de um programa chamado “Summer Work & Travel”, depois que cerca de 400 estudantes de diferentes partes do mundo realizaram um protesto em frente ao centro de distribuição da Hershey Co., na Pensilvânia, por melhores condições de trabalho.

“Vim aqui para trabalhar, conhecer os EUA, viajar, mas tudo que tenho feito é levantar caixas no turno da noite”, disse Yana, estudante da Ucrânia, que veio aos Estados Unidos por três meses pelo programa. “Ficamos em pé o tempo todo e quando reclamamos, eles nos dizem que nos mandarão de volta e que nunca mais poderemos retornar aos EUA”.

O Summer Work & Travel é administrado pelo Departamento de Estado e foi criado sob o Mutual Education and Cultural Exchange Act, em 1961. Para participar, os jovens devem estar matriculados em uma universidade em seus países de origem e ter completado pelo menos um semestre de estudo. Para os alunos participantes, o Departamento de Estado emite o visto de trabalho temporário J-1, que permite 4 meses de estadia nos EUA. Em troca disso, empresas privadas podem patrocinar um aluno estrangeiro e lidar com a aplicação, emprego, transporte e habitação do trabalhador. Por esses serviços, os jovens pagam entre US$ 3 mil a US$ 6 mil, dependendo da localização.

Somente no ano passado, o Departamento de Estado emitiu 120 mil vistos J-1 para participantes do Summer Work & Travel. Inúmeros participantes elogiaram o programa por proporcionar uma experiência satisfatória nos EUA. Entretanto, a história é diferente para mais de 200 estudantes que realizaram uma manifestação em frente às instalações da Hershey’s, no final de agosto, pleiteando dignidade e justiça.

O protesto alegou que o programa de trabalhadores visitantes apresenta grandes problemas. Parece que as diferentes experiências vivenciadas pelos trabalhadores dependem de seus patrocinadores privados e nem todos eles são bons.

“Sabíamos que iríamos trabalhar, mas tínhamos a expectativa de ganhar algum dinheiro. Endividei-me para vir aqui, mas cobram tanto por habitação e transporte que você termina com US$ 150 por semana, ao invés dos US$ 500 que eles nos haviam prometido”, disse Tony, de 27 anos, natural de Ghana. O jovem compartilha um quarto com outros 5 alunos, o qual cada um deles paga US$ 395 mensais, segundo o “New America Media”.

O patrocinador de Tony e Yana é o Council for Education and Travel USA (CETUSA). Rick Anaya, diretor executivo, disse ao NAM que “nos reunimos com os alunos para resolver os problemas que eles alegaram. Caso os estudantes não estejam vivenciando uma experiência cultural satisfatória, tentaremos trabalhar juntos para ver o que possamos fazer, no tempo limitado que eles ainda têm (nos EUA)”.

Daniel Castellanos, porta-voz do National Domestic Worker’s Alliance, que também participou do protesto, disse que os problemas com a CETUSA são somente o topo do iceberg e que tem havido reclamações relacionadas ao programa Summer Work & Study há pelo menos 10 anos. “Eles são os primeiros a levarem o caso ao público, mas já vem acontecendo há bastante tempo”, disse Daniel.

Um relatório emitido em 2006 pelo US Government Accountability Office chamava a atenção para a falta de supervisão do programa. Tal documento frisava a ocorrência de pouquíssimas visitas aos patrocinadores ou locais de trabalho para garantir que estivessem sendo cumpridos os acordos ou investigações relacionadas às reclamações.

Quando perguntado pelo “La Opinión” sobre o número de supervisores a cargo de inspecionar as companhias patrocinadoras e quantas investigações eles planejam realizar, John Fleming, porta-voz do Departamento de Estado, não respondeu, conforme a NAM.