Falta de imigrantes pode afetar a colheita de maçãs

Por Gazeta News

colheita maca

O estado de Washington está registrando a segunda maior safra de maçã de sua história, mas os agricultores alertam que podem ter que deixar até um quarto de sua produção apodrecer porque não há mão de obra suficiente para a colheita.

Seteve Nunley, administrador de um pomar de mais de 1,2 mil hectares, que abastece a Pride Packing Co. em Wapato, Washington, disse ao “The Wall Street Journal” que tem, no momento, 40% menos mão de obra do que o necessário. Nunley contou que aumentou para $24 dólares o pagamento para cada balaio de 1 mil libras (454 quilos) de maçãs do tipo Gala colhido, em comparação com $18 dólares no ano passado. Mesmo assim, ele prevê que toneladas de frutas ficarão sem colher nesta temporada, cerca de 25% em alguns pomares.

A safra abundante de maçãs de Washington, prevista para chegar a 109 milhões de caixas de 18 quilos, ocorre num ano em que a seca e as más condições de germinação levaram outras regiões produtoras dos Estados Unidos a perder grande parte de sua colheita de maçã. O Estado de Michigan, por exemplo, perdeu a maioria de sua produção e condições desfavoráveis reduziram bastante a produtividade de pomares nos Estados de Nova York e Carolina do Norte.

A repressão à imigração ilegal pelo governo americano reduziu o número de trabalhadores agrícolas no Estado, e, ao mesmo tempo, uma modesta recuperação econômica deu aos imigrantes disponíveis mais oportunidades em áreas mais lucrativas como jardinagem, construção e restaurantes.

Os produtores dizem que não podem se dar ao luxo de aumentar os salários ainda mais e os catadores se recusam a trabalhar pelo que está sendo oferecido. A Monkey Ridge Ranch, uma enorme plantação de maçã, elevou o preço pago por balaio dos $22 dólares pagos no ano passado para $28. Um trabalhador experiente pode colher um balaio por hora, dizem os produtores. Mesmo assim, muitos se recusam, disse o administrador Martin Estrada.

A escassez de mão de obra está afetando muitas culturas de frutas e hortaliças no Estado de Washington, mas as maçãs são a principal commodity local, gerando cerca de $7 bilhões de dólares anuais e cerca de 60 mil postos de trabalho no cultivo e processamento, de acordo com a Comissão da Maçã de Washington. Os produtores do Estado expandiram bastante seus pomares nos últimos anos, contribuindo para uma safra recorde em 2010, de 110 milhões de caixas, ao mesmo tempo em que o crescimento da força de trabalho estagnou. Um produtor diz que precisa de cerca de 150 catadores em tempo integral, mas agora tem apenas 60.

O mesmo ocorreu no ano passado, quando produtores convenceram a governadora Christine Gregoire a declarar estado de emergência de trabalho, o que permitiu que as propriedades rurais contratassem presidiários durante a colheita. Por exemplo, cerca de uma centena de presos de uma unidade de segurança mínima se espalharam pelos pomares no Vale Wenatchee. Mas este ano os produtores não estão tentando contratar prisioneiros, que colhem muito menos maçãs por dia do que os trabalhadores imigrantes.

Gerentes de pomares em outras regiões dos EUA disseram que também enfrentam escassez de mão de obra, muitas vezes por causa de novas leis estaduais de imigração que têm afastado catadores do campo.