Um dos milhares de adolescentes que atravessou a fronteira dos Estados Unidos com o México no último ano ganhou uma nova família na Geórgia. As informações são do "The Atlanta Journal-Constitution".
Vindo de família de imigrantes, Shad e Connie Ayres analisaram as finanças e constataram que, se transformassem a sala de jantar em um novo quarto conseguiriam abrigar Alex Gomez Carrillo, de 17 anos, da Guatemala, que será criado com os outros dois filhos do casal.
"E se eu estivesse nessa situação e precisasse de ajuda, haveria alguém lá para me ajudar?" disse Connie, analisando sua decisão.
Agora, a família Ayres está procurando os meios de se tornar guardiã do adolescente para que então ele possa obter status legal nos Estados Unidos.
Connie Ayers conheceu Alex enquanto participava de um evento da igreja local durante o verão do ano passado. Alex disse que cresceu na pobreza, na Guatemala, com oito irmãos em uma casa com chão de terra e sem água encanada. Alimentos e roupas eram escassos. Ele começou a trabalhar cendo vendendo doces e sorvete para ajudar a sustentar a família. Ele perdeu anos de estudos na escola. Um dia, segundo ele, o membro local de uma gangue ameaçou mata-lo.
Temendo por sua vida, Alex partiu para a América em maio do ano passado, pagando coiotes para ajudá-lo ao longo do caminho. Ele viajou com um grupo de estranhos de carro pela Guatemala e, em seguida, partiu a pé, na fronteira mexicana. Ao todo, ele levou mais de duas semanas para finalmente cruzar o Rio Grande. As autoridades federais de imigração o prenderam do outro lado do rio. Ele foi colocado em deportação e finalmente acabou sendo colocado sob os cuidados de um irmão mais velho, que também está vivendo sem status legal em Cedartown. Até agora neste ano fiscal, 66.127 crianças e jovens desacompanhados como Alex foram presos na fronteira sudoeste, quase o dobro do número de pessoas presas no mesmo período do ano fiscal passado. Os casos dessas crianças estão superlotando tribunais por todo o país.
Depois de fazer amizade com Alex, Connie foi junto com ele à audiência de deportação no centro de Atlanta, no verão do ano passado. O juiz marcou uma nova audiência para Alex para que ele pudesse encontrar um advogado. Ayers rapidamente encontrou Rocky Rawcliffe, um advogado de imigração local.
Enquanto isso, com a ajuda de outra advogada, Tracie Klinke, Ayers está pedindo ao Tribunal Juvenil do Condado de Polk para declarar Alex seu dependente aprova-la como sua responsável legal. Se o tribunal conceder esse pedido, Alex poderia candidatar-se a uma forma de alívio para as crianças que são incapazes de se reencontrar com seus pais. Ele poderia obter o Green Card através do programa chamado Special Immigrant Juvenile Status. Antes de decidir, Connie e Shad pensaram se ele se daria bem com seus dois filhos. Um dia, eles convidaram Alex para um churrasco. Eles se sentaram para uma conversa e disseram que esperavam que Alex os respeitassem, que fosse para a escola e que ficasse longe dos problemas. Ele concordou e foi morar com eles em julho. Até agora, ele cumpre o prometido e ainda ajuda em casa com a limpeza. Questionado sobre o seu futuro, Alex disse que quer se tornar um cidadão dos EUA, ir para a faculdade. E os Ayeres dizem que vão estar lá para apoiá-lo ao longo do caminho.