Família de brasileiro que sobreviveu a bala perdida tenta se reerguer

Por Gazeta News

Joelito Caldas

Depois de um dia aparentemente tranquilo de praia, o baiano Joelito Caldas, de 35 anos, e sua família levaram um susto do qual tentam se recuperar até hoje. Ele lavava o jet ski na garagem de casa, em Boca Raton, com a companhia da  filha de cinco anos e, menos de um minuto depois que a menina entrou em casa, Joelito levou um tiro no pescoço. Seu vizinho tinha reagido a um assalto e a bala, direcionada aos ladrões, acertou o brasileiro. O incidente aconteceu no dia 5 de abril e Joelito foi levado ao Delray Medical Center, onde ficou internado.

“Agora, ele está se recuperando em casa, fazendo fisioterapia e sem poder trabalhar nem carregar peso. Eu preciso ficar em casa para cuidar dele e das nossas filhas, de cinco e dois anos. Já tínhamos usado todas as nossas economias na mudança de New Jersey para a Flórida, onde havíamos chegado há quatro dias, e precisamos vender várias coisas para nos mantermos. Estamos contando com a ajuda de amigos e igrejas da região”, disse a esposa de Joelito, Sabrina Caldas. “Tem sido bem difícil”.

Os médicos que trataram Joelito disseram que foi um milagre ele ter sobrevivido e não ter ficado com sequelas. “A bala pegou no lado esquerdo do pescoço dele e saiu do lado direito, atingindo a terceira vértebra. O médico disse que, por pouco, ele não ficou paralítico. Ele ainda sente dor no pescoço e na coluna”.

Sabrina conta ainda que a filha de cinco anos está passando por tratamento psicológico. “Ela tinha acabado de entrar em casa, mas viu o pai caído no chão e tudo acontecer. Ela está traumatizada, não sai de perto do pai e não dorme mais sozinha”, disse Sabrina. “Ela está com medo de seu pai morrer”.

Ajuda A família tem poucos amigos na Flórida e conta com a ajuda dos amigos de New Jersey, onde viveram por 12 anos. Na Flórida, contam com cestas básicas e ajuda material da Primeira Igreja Batista da Flórida, do Pastor Silair Almeida; da Igreja Metodista, do Pastor Roberto Parreira; e o apoio espiritual da Vida com Vida, do Pastor Rui.

Fora não poder trabalhar pelo menos até outubro, quando Joelito tem retorno no médico, as contas hospitalares chegam a todo o momento. “Nem parei para fazer as contas”, comenta a esposa, natural de Goiânia.

“Fomos vítimas de nosso vizinho negligente que saiu atirando para todo o lado e não tem nos dado nenhuma assistência. Estamos tentando processá-lo, mas nosso advogado não nos deu esperanças”, relatou Sabrina.

Sabrina diz que a polícia dá poucas informações sobre os bandidos, já que o caso ainda está sendo investigado. Segundo ela, eram quatro assaltantes. Além de todo o ocorrido, Joelito e Sabrina não têm documentos de imigração e foram informados sobre a possibilidade de conseguirem um visto especial. “Consultamos também a advogada Ingrid Domingues McConville, que nos ajudou muito com informações sobre o Visto U, para vítimas de crimes. Agradecemos muito pela ajuda dela, mas por causa da falta de dinheiro, iremos tentar sozinhos”. U-Visa Existem casos em que um imigrante indocumentado que tenha sido vítima de algum tipo de crime possa receber um visto especial chamado U-Visa, que permite que a pessoa permaneça nos Estados Unidos até que o crime seja solucionado. De acordo com o US Citizenship and Immigration Services, o “U nonimmigrant status” é separado para vítimas de certos crimes que sofreram abuso mental ou físico e são úteis para oficiais do governo ou da polícia na investigação de uma atividade criminosa.

Em julho de 2012, o sargento Ramon Perez, detetive do Broward Sheriff’s Office, no distrito de Pompano Beach, explicou que investigadores têm mais interesse em solucionar crimes do que saber o status imigratório da vítima. “Por isso, uma vítima que esteja no país ilegalmente não precisa ter medo da deportação, pois existe esse visto para certos casos”, disse Perez, incentivando imigrantes a denunciar crimes. “No entanto, não somos nós que controlamos a concessão deste visto, e sim o governo federal, que é muito rígido para que pessoas não tirem vantagem do benefício”.