Família faz campanha para levar avô em coma de volta ao Brasil

Por Marisa Arruda Barbosa

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[caption id="attachment_102090" align="alignleft" width="300"] Thiago com o avô Walter.[/caption]

O mineiro Thiago Motta começou a planejar seu casamento no Texas no começo de 2014, pois fazia questão que a sua família conseguisse se organizar para vir aos Estados Unidos em julho deste ano.

Quando teve a notícia de que seu avô, Walter Motta, de 78 anos, viria, a data ficou ainda mais especial para Thiago. “Meu avô sempre foi muito aventureiro e resolveu vir para os Estados Unidos pela primeira vez. A minha avó é mais caseira e não quis vir”, relata.

No casamento, no dia 25 de julho, Walter foi visto dançando com todo mundo e curtindo a festa. Acontece que, uma semana depois, a alegria de ter o avô nos EUA virou pesadelo. O patriarca da família sofreu um ataque do coração enquanto ainda estava em Dallas, no norte do Texas. Ele passou por uma cirurgia e, três semanas depois, teve alta, em uma sexta-feira. No domingo, ele teve outro ataque, ainda mais sério.

Desde então, há três meses, Walter está internado no Methodist Charlton Medical Center, em Dallas, em coma. Thiago explica que, no segundo infarto, o coração de seu avô ficou parado por mais de dez minutos, o que afetou seu cérebro, deixando ativa somente a região que controla as funções vitais.

“Vimos o quanto é importante fazer um curso de CPR para saber como fazer massagem no coração e prestar primeiros socorros em momentos como este”, disse Thiago, que é publicitário e vive nos EUA há três anos. “Eu o estava colocando na cama no momento do segundo ataque. Foi desesperador, parecia que ele estava engasgando e todos tentaram ajudar na hora”.

Sem seguro de saúde nos EUA, a conta já chega por volta de $400 mil dólares, uma vez que Walter fez quatro pontes de safena. A melhor solução é arrumar uma maneira de transportá-lo de volta ao Brasil. A forma mais barata de fazer isso custaria $30 mil dólares e ele seria levado em um voo comercial acompanhado de uma enfermeira. “Se fosse um jato privado o valor chegaria em torno dos $100 mil dólares. Nem se arrecadássemos por anos e anos conseguiríamos esse valor”, disse ele. De acordo com Thiago, seu avô contratou um seguro de viagem que cobre apenas $7 mil dólares do valor de repatriamento.

“Meu avô tomou a precaução de fazer um seguro de viagem antes de embarcar, mas como que ele podia ter noção de valores ao contratar o seguro? Ele está acostumado com o Brasil, que tem um sistema de saúde público. Aqui tudo é diferente. Nem acredito que vendam um seguro de saúde como o que ele contratou”, disse Thiago. “É uma lição a se aprender”.

Campanha

Para pedir ajuda, a família de Thiago já recorreu ao governo americano e ao brasileiro sem sucesso. A solução que encontrouaram foi fazer uma campanha online de doações através do site GoFundMe. “No Brasil, meu avô tem plano de saúde. Não sabemos quais as chances que ele tem, mas acho que se ele tiver uma pequena chance, isso vai acontecer no Brasil”. Até o dia 16, as doações estavam a $3.634 dólares pelo portal, que se somam aos $7 mil dólares que o seguro cobre para a repatriação de Walter e aos $2 mil que a família conseguiu em doações no Brasil. Para ajudar, acesse: www.gofundme.com/waltermotta

A importância de saber escolher bem o seguro de viagens

Casos como o do avô de Thiago servem como um alerta sobre a importância do seguro de viagem para problemas de saúde. Mas, nesse caso, o problema também foi a escolha do seguro. Walter contratou o seguro de viagens Mapfre, mas o valor da apólice era muito baixo e cobriu apenas $6 mil dólares dos cuidados médicos. “Eu não entendo como eles vendem esse seguro. Não serviu para nada, praticamente”, explica Thiago. Seu avô pagou em torno de R$200 para os 15 dias em que ficaria nos EUA. “Nós que temos família sempre visitando, temos que ter consciência e saber ajudar a escolher um bom seguro de viagem”, disse Thiago. Quando sua mãe veio para os Estados Unidos para o nascimento de sua filha em maio, Aline Faria fez questão de contratar um seguro de viagem que cobrisse os quatro meses que passaria por aqui. Mesmo conhecendo o sistema americano e contratando um seguro com um limite relativamente alto, não foi o suficiente quando sua mãe teve complicações após uma cirurgia para a retirada da vesícula. Aline, que vive em Dallas, contratou o seguro Allianz e pagou R$ 1.670 pelos quatro meses. O valor da apólice era de $50 mil dólares, mas no caso de doenças pré-existentes, só cobria $2 mil dólares. “Foi um terror. Minha bebê recém-nascida não podia ficar no hospital, meu marido estava viajando, minha mãe não falava inglês e eu tinha ainda que aprender como funcionava o seguro viagem dela. Mas, contei com a ajuda de minhas amigas, graças a Deus”, disse Aline. “Depois da cirurgia, minha mãe teve trombose e acabou ficando cinco dias internada. Os custos ultrapassaram os $50 mil dólares e agora devemos em torno de $13 mil dólares ao hospital”. Para Aline, o valor da apólice do seguro deve ser de $100 mil dólares para cobrir emergências. “Em relação a doenças pré-existentes, o seguro da minha mãe só cobria $2 mil dólares. Ela tem problema no coração, por exemplo. Imagine se tivesse tido algum problema assim?” Aline alerta que quando qualquer emergência do tipo acontece, o ideal é falar com o assistente social do hospital. “Estavam demorando para agendar a cirurgia e cada dia custaria mais no hospital. Foi somente quando recorri ao assistente social que conseguimos que fosse marcada e a pessoa nos ajudou com todo o procedimento do seguro”. Depois de receber alta, a mãe de Aline voltou ao Brasil para continuar o tratamento lá. Ela acabou ficando bem menos que os quatro meses programados. Os seguros de viagens O seguro de viagem deve sempre ser contratado no país de origem. Eles oferecem, além da cobertura para questões de saúde, auxílio em diversas áreas, como perda ou extravio de bagagens e assistência jurídica. É importante ficar atento à diferença entre o seguro viagem — que se refere ao serviço no qual a operadora reembolsa despesas que o viajante tiver e que estejam previstas na apólice —, e assistência viagem — que fornece uma rede conveniada para que o viajante utilize dos serviços oferecidos no contrato sem precisar desembolsar o valor. O valor da apólice varia de algumas dezenas até milhares de dólares e o viajante deve ficar atento a isso no momento da contratação. É importante ficar atento também à cobertura de doenças pré-existentes. O seguro viagem pode ser contratado com um corretor, em agências de viagem ou diretamente com as seguradoras pela internet, sendo que os preços variam de acordo com o tipo de cobertura e a idade do contratante. Além disso, cartões de crédito com as bandeiras Visa, MasterCard, American Express e Diners oferecem seguro-saúde. A cobertura e os serviços oferecidos variam e é sempre importante se informar com a companhia antes de viajar.