Família paranaense viaja os EUA "fotografando o amor"

Por Simone Raguzo

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Quem gosta de viajar (e quem não gosta?), quando vê alguém que consegue unir o hobby à profissão, ou seja, ganha dinheiro viajando pelo país ou até mesmo pelo mundo, pensa: “Esse é o emprego dos sonhos”.

E o emprego dos sonhos tem donos: Dani Correa, 36, e Grasi Favoreto, 35, do site RockerInLove.com, que ainda participam da realização do sonho de outros casais ao fotografar casamentos.

O casal de paranaenses tem em seu time um aliado especial: o filho Otto, de 8 anos. E foi o menino o responsável por encorajar os pais a botarem o pé na estrada, as mãos nas câmeras e curtir a vida juntos, através do projeto Wedding Tour.

A meta da família é fotografar pelo menos um casamento em cada estado americano e, depois, publicar um livro. Os três já passaram por 25 estados entre fevereiro e novembro de 2015, usando como transporte uma Van adaptada. Agora, curtem férias em Tampa até fevereiro.

Confira mais detalhes da vida da família de “fotográfos do amor” em entrevista que Grasi concedeu ao Gazeta.

Gazeta News – Como tudo começou para essa família de fotográfos? Grasi - Trabalhamos com fotografia há mais de 10 anos. Nascemos e vivemos em Londrina (PR) até os 25 anos, mais ou menos. Fui para Curitiba fazer pós em cinema e o Dani também foi. Lá, abrimos nossa produtora de fotografia e filme. Foi onde o Otto nasceu e onde vivemos até decidirmos vir para os Estados Unidos.

GN- E quando e como surgiu a ideia de viajar pela América? Grasi - O projeto surgiu quando não estávamos felizes, mesmo fazendo o que mais amamos, fotografia. Muitas vezes, pra fazer algo que gostamos, fazemos várias outras que não gostamos e nem percebemos o quanto isso pesa no dia a dia. A produtora consumia todo o nosso tempo e energia. Trabalhávamos os sete dias da semana direto e momento feliz era no fim de semana, quando estávamos nos eventos, trabalhando. Foi o nosso filho, que na época tinha três anos, que nos mostrou que aquela rotina não estava sendo boa para a nossa família. Resolvemos parar tudo e repensar o que queríamos, nossos objetivos, não só profissional, mas pessoal e como família. Sem dúvida, vimos que o ritmo teria que mudar e estávamos sedentos para ver coisas novas, renovar, criar, experimentar, explorar... Chegamos inclusive a questionar a área de fotografia que escolhemos, mas não adianta. Todos os lugares legais que visitamos, sempre olhamos um para o outro e falamos juntos: “Lindo! Imagina uma noiva aqui pra fotografar”. Nascemos pra isso, fotografar o amor. Então, em 2010, resolvemos vir pra cá. Mas, como no Brasil as noivas contratam com muita antecedência, finalizamos os contratos e viemos para Tanpa só dois anos e meio depois, em 2012.

GN – Por que os EUA? Grasi - Minha mãe é casada com americano e mora em Tampa há quase 15 anos. E, através dela, tenho o green card.

GN - Como foi a reação de amigos e familiares quando vocês decidiram largar tudo no Brasil? Grasi - A maioria não entendeu no início e nos chamavam de loucos. Diziam: “Mas vocês têm a vida feita no Brasil!”. Realmente, tínhamos uma vida estável e trabalhávamos com o que amávamos. Até pra gente não foi fácil perceber que não estávamos felizes. Nos acostumamos com uma rotina desgastante e, além disso, com as preocupações e com absurdos que víamos na TV. Triste!

GN – E como é viver, literalmente, na estrada, em uma Van? Grasi - O plano era fazer o Wedding Tour com o nosso trailer. Reformamos e arrumamos ele todo para isso, mas ele quebrou dias antes da data de partida e acabamos nos adaptando às pressas na nossa vanzinha. Pegamos muito amor por ela! Quando estamos editando, optamos por parar em cafés ou parques. O último banco vira cama e quase sempre dormimos nela, em campings.

GN – Fale um pouco do projeto Wedding Tour? Grasi – A ideia do projeto, que será um livro de imagens, é fotografar pelo menos um casamento em cada estado americano. Fizemos 50% do projeto entre fevereiro e novembro. A outra metade será feita em 2016, a partir de fevereiro.

GN - Você tem ideia de quantos eventos já fotografaram? Grasi - Para o projeto foram feitos, até o momento, 29 casamentos. Mas, em toda a nossa carreira, foram algumas centenas.

GN - Qual a diferença entre fotograr um casamento nos EUA e no Brasil? Grasi - Os casamentos nos EUA são muito diferentes. Além da infinita possibilidade de cenários que as noivas americanas têm, já que aqui qualquer lugar pode ser um lugar para se casar, como parques públicos, jardim da própria casa, museus, fazenda, praia, barco, zoológicos, aquário, também sinto que são bem independentes no sentido do gosto do cerimonial não ser evidente. Pelo contrário, o casal americano é estimulado colocar a sua personalidade representada em detalhes.

GN - Teve algum mais marcante? Grasi - Tivemos um casamento que o noivo era chef de cozinha e ele mesmo preparou toda a comida para mais de 300 pessoas! No geral, acho fascinante os detalhes, imaginar todo o amor, o cuidado e até mesmo a loucura do casal preparando tudo para o grande dia! Ver também a família e os amigos envolvidos na preparação... Por causa do “Wedding Tour”, sempre chegamos na cidade uns dias antes e, muitas vezes, os noivos nos convidam para as atividades pré-casamento que fazem para os convidados que chegam de fora. Temos a oportunidade e privilégio de conhecê-los mais de pertinho, ver e sentir o relacionamento com os pais, os irmãos, os tios... É emocionante e frequentemente eu choro na cerimônia! GN - Como tem sido para o filho de vocês essa experiência? Grasi - O Otto é um superparceiro de viagem e de dia a dia! Hoje, temos um relacionamento, uma intimidade que me emociona. Ele esté presente e participa de tudo, inclusive de decisões importantes sobre a viagem e planos para o futuro. Somos um time e a opinião dele é importantíssima também. Sempre procuramos fazer atividades voltadas à família. Passeios em parques, museus de criança, zoológicos, aquários, nos campings e mesmo nos casamentos, onde ele está sempre rodeado de crianças, correndo, brincando e conversando. Lógico que ele deixou amigos na Flórida, onde estudou por três anos, assim como deixou amigos no Brasil, onde estudou por três anos também. Como um imigrante, inevitavelmente tem que aprender a conviver com a saudade. Por melhor que seja a nova vida, muitos da família e amigos não imigram juntos. Mas, nós três nunca fomos tão unidos. Estamos felicíssimos com essa conquista que, infelizmente, nem todos podem ter. Eu, por exemplo, não tive um pai presente. Durante muitos anos, no Brasil, não tínhamos tempo pra ele, e esse foi o motivo de termos mudado toda a nossa vida.

GN – E quais os planos para quando o projeto terminar? Grasi - Estamos pensando em diferentes opções e ideias de novos projetos, talvez até em outros países.

GN - Financeiramente, tem sido um negócio rentável ou o propósito é apenas se manterem? Grasi - Sim, ganhamos tanto quanto no Brasil, mas mesmo com todas as viagens, passeios e gasolina, nosso custo de vida é bem menor!

Confira algumas fotos produzidas pelo trio e dos lugares por onde passam na galeria abaixo. Veja mais no site RockerInLove.com e Facebook.

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