Famílias perdem imóveis e passam a viver em motéis

Por Gazeta Admininstrator

Greg Hayworth, 44, se formou na Universidade Syracuse e conseguiu uma boa condição de vida no seu estado natal, a Califórnia, trabalhando como corretor de imóveis. Mas este setor entrou em crise e, no começo do ano passado, o banco desapropriou a casa que a família alugava, forçando seu despejo.

Agora, a família Hayworth e seus três filhos representam uma nova face dos sem-teto do Condado Orange: famílias que antes pertenciam à classe média e hoje vivem em apertados quartos de motéis.

“Eu devo aos meus filhos sair daqui”, disse Hayworth, lembrando da noite em que viu um vizinho de quarto jogar uma mulher semi-nua para fora enquanto batia nela.

Conforme a recessão piora, trabalhadores que perdem seus empregos enfrentam o medo e o estigma de ficarem sem teto pela primeira vez, mesmo aqueles que tiveram ou alugaram propriedades durante anos.

Alguns aparecem em abrigos e nas ruas, mas outros, como a família Hayworth, são os sem-teto escondidos (vivendo empilhados em apartamentos, garagens ou motéis, sem aparecer em pesquisas federais e geralmente recebendo pouca ajuda pública).

A família Hayworths tentou morar com parentes, mas acabou no motel Costa Mesa Motor, em setembro do ano passado, uma das mais de mil famílias que se acredita viver em motéis apenas no Condado Orange. Eles estão entre os poucos sortudos: uma instituição beneficente paga parte da conta de $ 800 por mês enquanto Hayworth tenta recuperar sua vida.

A família, que inclui uma filha de 15 anos, divide um único quarto e dorme em duas camas. Sua mulher tem problemas de saúde e, como muitas outras famílias, eles não conseguem juntar o dinheiro necessário para o depósito de segurança e outros custos referentes ao aluguel de um novo apartamento.

Centenas de famílias de motel existem em Denver, ao longo da Rota 1, e em ou-tras cidades de Chattanooga, Tennessee, a Portland, Oregon. Mas elas são especialmente prevalecentes no Condado Orange, onde o aluguel é alto, existem poucas moradias públicas e muitos motéis antigos, que antes eram usados por visitantes da Disneyland.

“Os motéis se tornaram a moradia das pessoas de baixa renda no Condado de O-range”, disse Wally Gonzales, diretora do Projeto Dignidade, uma das dezenas de instituições de caridade e grupos clérigos que surgiram para ajudar as famílias.

Hayworth tentou trabalhar em vendas, mas teve problemas em encontrar um emprego que durasse. Paul Leon, ex-enfermeira que criou a Fundação Iluminação para ajudar famílias de motel, prometeu ajudar a pagar o depósito quando a família puder se mudar.

“Isso me machucou muito no outro dia”, disse Hayworth. “Meu filho chegou em casa e perguntou, ‘Nós somos sem-teto?’. Eu não soube o que responder”.