FBI prende 406 por fraudes no mercado imobiliário

Por Gazeta Admininstrator

O FBI anunciou na quinta-feira(18) que 406 pessoas foram presas por participação em fraudes relacionadas ao mercado de financiamentos imobiliários nos Estados Unidos, pivô de uma crise que vem atingindo a economia mundial desde o ano passado.

A operação do FBI descobriu 144 casos de fraude entre 1º de março e 18 de junho, com uma estimativa de prejuízo de $ 1 bilhão relacionada a esses crimes. Embora as fraudes estejam ocorrendo em todo o País, os agentes fede-rais identificaram 10 hotspots (ou pontos quentes), entre eles a Flórida.

O FBI relaciona como pontos de maior ocorrência de fraudes, além da Flórida, a Califórnia, Colorado, Georgia, Illinois, New York, Michigan, Minnesota, Ohio e Texas. Outros pontos “emergentes” de problemas são Nevada, New Jersey e Virginia.

Entre os indiciados pelo Departamento de Justiça americano há corretores de imóveis e pessoas que ajudaram compradores de imóveis a conseguir empréstimos.

O anúncio do FBI ocorreu no mesmo dia em que dois gerentes do banco americano de investimentos Bear Stearns foram presos sob a acusação de praticar fraudes em dois fundos do banco.

Matthew Tannin e Ralph Cioffi são os primeiros executivos a enfrentar acusações criminais por causa da crise das hipotecas.

Tipos de fraude
Em uma nota divulgada pelo FBI no seu site, o órgão diz que só na quarta-feira(17) 60 prisões foram feitas. “Fraudes com empréstimos imobiliários e valores mobiliários representam uma ameaça significativa à nossa economia, à estabilidade do mercado de imóveis de nossa nação e à paz de espírito de milhões de proprietários de casas”, disse o vice-secretário americano de Justiça, Mark Filip.

Segundo o FBI, a operação identificou envolvidos em principalmente três tipos de fraude - envolvendo empréstimos, esquemas de suspensão de ordens de despejo e concordatas de organizações credoras relacionadas a financiamento de imóveis.

No primeiro caso, freqüentemente os criminosos são intermediários em empréstimos para financiar imóveis em que eles mentem a respeito do cliente que contrai a dívida -exagerando seus bens ou sua renda, por exemplo.

Nos esquemas envolvendo ordens de despejo, os criminosos visam donos de imóveis que passam por dificuldades financeiras, exigindo propinas para evitar que eles sejam expulsos de suas casas.

Esses dois tipos de fraude podem ser praticados juntamente com o terceiro tipo de crime verificado pelo FBI, o de apresentar pedidos de concordata, levando a ordens de despejo.

Bear Stearns
Os dois executivos do Bear Stearns que foram presos gerenciavam dois fundos hedge do banco que eram apresentados aos investidores como sendo de baixo risco.

Apesar disso, os gerentes aplicavam o dinheiro dos investidores em títulos de dívidas como as dos subprime - financiamentos imobiliários para pessoas consideradas com alto risco de inadimplência.

O fundo faliu no ano passado, deixando um prejuízo de $ 1,4 bilhão. Segundo o correspondente da BBC em Nova York Greg Wood, a promotoria deve argumentar que Matthew Tannin e Ralph Cioffi entendiam o perigo de aplicar o dinheiro do fundo nesses títulos, mas não alertaram os investidores. Tannin e Cioffi alegam inocência no caso.