O Banco da Inglaterra, o Banco Central Europeu, o Banco do Canadá e o Banco Nacional da Suíça - anunciaram uma série de medidas a serem adotadas, a fim de enfrentar a crise de crédito desencadeada pelo setor imobiliário que pode pôr em risco a economia mundial.
O esforço conjunto para aumentar a liquidez (dinheiro) disponível no sistema financeiro internacional inclui um novo método de concessão de empréstimos a bancos comer-ciais. No fim do mês passado, o presidente do Fed, Ben Bernanke, disse que o banco deverá “estar excepcionalmente alerta e ser flexível” para enfrentar os efeitos dessas crises.
O Fed anunciou que injetará dinheiro no sistema financeiro por meio de ope-rações de curto prazo, através dos quais poderá liberar ao menos US$ 40 bilhões em dois leilões a serem realizados na próxi-ma semana (nos dias 17 e 20). Outros dois leilões deverão ser realizados nos dias 14 e 28 de janeiro - os valores a serem oferecidos em leilão serão determinados à época.
Em comunicado, o Fed informou que poderá realizar leilões adicionais após esses primeiros, a depender dos desenvolvimentos na situação dos mercados financeiros.
As taxas de juros pelo dinheiro serão menores que as cobradas por empréstimos diretos junto ao BC americano através da taxa de redesconto (usada pelo Fed para conceder empréstimos de curto prazo a instituições com escassez temporária de liquidez causada por problemas internos ou externos).
O Fed também informou que criou linhas de swap em moeda estrangeira com o BCE, para uma operação de US$ 20 bi-lhões, e com o Banco Nacional da Suíça, para mais US$ 4 bilhões. Com essas ope-rações, os dois bancos europeus poderão fazer empréstimos às instituições de seus respectivos sistemas bancários. A expectativa é de diminuir a pressão sobre as taxas de juros interbancárias - em particular a taxa Libor (London Interbank Offered Rate, referência internacional para empréstimos entre bancos).
“Ao permitir que o Fed injete fundos através de uma margem mais ampla de partes envolvidas e contra uma margem mais ampla de garantias do que nas operações de mercado aberto, esse empréstimo pode promover a disseminação eficiente de liqui-dez quando os mercados interbancários estão sob pressão”, diz o comunicado do Fed.
O BC americano ainda indicou que a nova forma de injetar recursos pode se tornar mais um instrumento além dos dois de que o banco já dispõe para agir no mercado - as operações de mercado aberto e os empréstimos através da taxa de redesconto. “A experiência adquirida sob esse programa temporário pode ser uma ajuda para avaliar a viabilidade potencial de aumentar as ferramentas de política monetária do Fed.”
Desde agosto, após o banco francês BNP Paribas ter suspendido resgates em fundos que administrava, os mercados financeiros passaram a registrar quedas. A confiança dos investidores e dos bancos foi afetada pelo temor de fortes prejuízos que poderiam decorrer de um problema que tornou-se um dos principais fatores na atual crise de crédito: o aumento da ina-dimplência no mercado de hipotecas de risco nos EUA.
Bancos nos EUA e em outros países desde então vêm anunciando reduções em seus ativos baseados nessas hipotecas (chamadas de “subprime”). Alguns dos principais atingidos foram o Citigroup, o Merril Lynch e o suíço UBS.
O Fed cortou sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para 4,25% ao ano, na tentativa de estimular a tomada de crédito por parte de consumidores e empresas, a fim de impedir que a economia entre em recessão. O Fed também reduziu sua taxa de redesconto em 1 ponto percentual, de 5,75% para 4,75%.

