Filho de brasileiros volta do Iraque depois de quase um ano na guerra

Por Gazeta Admininstrator

A família do jovem Roberto Anthony Gomes, de 25 anos, não cansa de comemorar o retorno do rapaz para casa, no último final de semana, depois de ele ter passado onze meses como soldado no front em Bagdad, capital do Iraque.

Filho de brasileiros, e apaixonado por computadores, Roberto decidiu-se apresentar-se durante três anos como soldado voluntário da Primeira Infantaria, logo após o atentado terrorista de 11 de setembro, em New York. Passou, ao todo, 3 anos longe de casa, a maioria do tempo em treinamento em base militares em Atlanta e em Frankfurt, na Alemanha.
A mãe do rapaz, a pernambucana Cléa Gomes, que vive há 38 anos nos Estados Unidos e dedica-se a cuidar de idosos, conta que viveu alguns dos momentos mais difícieis de sua vida enquanto o filho esteve na guerra. “Eu tive problemas de pressão alta e cada vez que via a guerra na TV todo mundo parecia ele. Eu tinha fé em Deus que ele voltaria são e salvo”.
Apesar disso, o orgulho de mãe hoje fala mais alto. “Estou muito grata a Deus e para mim e para minha família ele é um herói. Ele tinha um excelente trabalho com computadores e deixou para servir ao País”, orgulha-se Cléa.
Logo que fez 18 anos, Roberto começou a receber material promocional convidando-o para alistar-se como voluntário
Ela conta que quando o filho mencionou, pela primeira vez, seu desejo de servir na guerra a reação dela e do marido foi imediada: “De jeito nenhum!”. Isso foi antes do atentado. Depois da tragédia, o jovem tomou a decisão final e disse que iria de qualquer maneira, e que não haveria nada que a mãe ou o pai pudessem fazer para impedi-lo.
Segundo Cléa, o pai do rapaz, o mineiro Carlos Roberto Gomes, que trabalha como maitre em um hotel em Boca Raton, também se opôs à idéia, mas decidiu não interferir. “Meu marido foi paraquedista quando jovem, e é o tipo de homem que quando o filho toma uma decisão ele não interfere”, explica a mãe do rapaz.
Cléa chegou aos Estados Unidos ainda adolescente. Conheceu o marido em Virgínia e conta ter esperado sete anos para ter o primeiro filho, Roberto. “Nunca imaginei que um filho meu pudesse ir pra guerra. Ele foi super-protegido e sempre teve muita personalidade”, conta Cléa, que é também mãe de Carlos Daniel, de 18 anos. “Eles têm personalidade completamente diferentes. Carlos é um rapaz muito bonitoe quer ser modelo, não pensa em ir à guerra, e fico aliviada com isso”, desabafa Cléa.
A ida do filho mais velho para a guerra foi também uma lição de vida para a brasileira. “Eu aprendi a deixar as coisas acontecerem. Não havia o que eu pudesse fazer para protegê-lo como eu sempre fiz. Eu só confiava em Deus, era tudo o que eu poderia fazer”, diz.
Cléa diz que até agora não conversou com o filho sobre a guerra. Ela não tem dúvidas de que o filho voltou mais maduro e que todos nós encontramos caminhos diferentes para aprender sobre a vida.
“Eu tenho certeza que a guerra mudou ele.
Eu tenho tentado não entrar em detalhes sobre o que ele passou, mas sei que ele viu muita coisa que sequer esperava. É difícil para qualquer jovem estar em uma guerra”, acredita.
A brasileira diz não ser a favor nem contra a guerra. Religiosa, ela diz que “o que quer que aconteça no mundo, está escrito”.