O cineasta brasileiro Cao Hamburger, 45, esteve no Center for Jewish History em New York, no dia 4 último, promovendo o lançamento de seu filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, escolhido para representar o Brasil na seleção de finalistas que concorrem ao Oscar 2008 de Melhor Filme Estrangeiro. A City Lights Pictures adquiriu os direitos de exibição nos Estados Unidos, onde o filme entra em cartaz em janeiro de 2008.
O filme já foi vendido para mais de 20 países e o lançamento nos Estados Unidos é um verdadeiro privilégio para Cao, que também está honrado com a escolha do filme para a seleção de finalistas que concorrem ao Oscar 2008 de Melhor Filme Estrangeiro.
A história se passa no turbulento ano de 1970, em São Paulo (capital), quando a ditadura militar apertava o cerco contra os militantes de esquerda e o Brasil inteiro torcia pelo tri-campeonato mundial da Seleção Brasileira de Futebol.
Mauro, de apenas 12 anos de idade, é forçado a viver no então multiétnico bairro do Bom Retiro, enquanto seus pais se refugiam no exílio. A convivência com judeus muda completamente a vida do garoto, que acalentava dois sonhos: a vitória da seleção brasileira e a volta dos pais.
Cao nem tinha pensado o quanto os brasileiros residentes nos Estados Unidos e em outros países podem se identificar com o filme, que mostra imigrantes judeus e de outras origens, e chegou a comparar a opressão da ditadura militar com o ICE (polícia de imigração). Filho de uma italiana e de um alemão, ele já morou na Inglaterra, em 2001, onde nasceram as primeiras idéias de criação do filme.
Com participação em vários festivais internacionais, O Ano tem características universais, na opinião do cineasta, pois mostra a fase da infância e da adolescência, “quando acontecem profundas mudanças na nossa alma”. Em sua filmografia, que inclui o Castelo Rá-Tim-Bum, de 1999, Cao dá preferência para os conteúdos mais humanos. “Seja para o bem ou para o mal”. Segundo ele, a psicologia e a alma humanas não têm tempo nem época.
A psicologia humana pode muito bem ser vista no filme O Ano, pois mostra claramente o contraste entre o amor à camiseta que exis-tia na seleção brasileira da época, fazendo com que o torcedor brasileiro vibrasse mais, e o “dia nublado”, como Cao se referiu ao regime militar. “A seleção brasileira era como um brilho, um raio de sol”.
De New York, Cao seguiu para Los Angeles, para promover o filme, e convidou toda a comunidade brasileira a rever um pouco da nossa história. De acordo com Cao, o filme teve excelente receptividade nos países por onde passou: Espanha, França, Alemanha, México e Argentina. O filme ganhou o Troféu Spondylus (júri popular) na categoria de melhor filme do Festival de Lima 2007, no Peru, e foi indicado para a categoria de melhor filme no Festival de Berlim 2007. No Brasil, o filme conquistou o prêmio de Melhor Filme (Júri Popular) no Festival do Rio 2006 e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2006. (Fonte: Comunidade News).

