Filme brasileiro estreia nos EUA com história de imigração e romance

Por Gazeta Admininstrator

O filme “Embarque Imediato” levou cinco anos até estar pronto para alçar voo. Feito no Brasil com atores, diretor e roteiro brasileiros, o desembarque foi na quarta-feira (10), nos Estados Unidos. A estreia mundial será no Festival de Cinema Brasileiro de Miami, para uma plateia formada em grande parte por brasileiros e latino-americanos.

O filme dirigido por Allan Fiterman conta a história de um jovem que sonha em deixar o Brasil, na esperança de ter uma vida melhor. Ainda que perfeitamente ambientado com a realidade de milhares de residentes de Miami, Fiterman diz que o filme é mais do que a aventura de um candidato a imigrante. É o relacionamento deste jovem com uma mulher mais velha, papéis vividos por Jonathan Haagensen (Wagner) e Marília Pêra (Justina). José Wilker faz o papel do namorado de Justina.

“O público de Miami, que vai ser o primeiro a assistir ao filme, vai conseguir se identificar. São muitas pessoas que saem de seus países para seguir um sonho e viver outra vida, justamente como a história do Wagner, que passa por vários obstáculos para ir para New York e viver uma vida melhor fora do país. Mas, o filme não é sobre a viagem, mas sobre o relacionamento dele com uma mulher mais velha. Ele acaba transformando a vida dela e ela, a dele”, desse a cineasta., antes da estréia.

Apesar de não ter participado da cons-trução do roteiro na sua origem, Fiterman diz que a história de Wagner também é um pouco a sua. O cineasta deixou São Paulo, aos 24 anos, para estudar cinema em New York. Ficou 11 anos por lá, período em que fez filmes independentes, foi professor universitário e, nos últimos quatro anos, viajou, algumas vezes, para o Brasil para participar de “Embarque Imediato”.

O filme começou a ser desenhado , em 2004, com o roteirista Marcelo Florião, que chegou a submeter o material ao diretor Jorge Fernando e acabou emplacando com Fiterman, nos EUA. Laura Malin e Aloísio Abreu ajudaram a finalizar o roteiro.

A filmagem ocorreu, em quatro semanas, no Rio. Mas, ficou dois anos encerrada em uma lata, por falta de dinheiro para finalizá-la. Nesse tempo, Fiterman continuou tocando seus projetos em New York.

“O filme ficou parado, realmente na lata. Até que saiu dinheiro aprovado por editais, e me chamaram de volta. Coincidiu que a Rede Globo me chamou para dirigir novela e seriados e, ao mesmo tempo, estava finalizando o filme. Casou de forma inacreditável. Voltei e, nesse último ano, terminamos o filme”, conta Fiterman, que trabalha nos bastidores de “Tudo Novo de Novo”, exibido nas noites de sexta-feira pela Globo.

Segundo o diretor, “Embarque Imediato” é uma comédia romântica, quase musical, feita para divertir e despertar sonhos. Apesar de brincar sobre “o atraso no embarque” do filme, que se arrastou por quase cinco anos da origem do roteiro, Fiterman avalia que a estreia ocorre na hora certa. A exibição em salas de cinema no Brasil está prevista para setembro.

“Mesmo tendo acabado a filmagem, teve de esperar. Esperou e a hora certa de lançar é mesmo essa, para um público certo, que mora no estrangeiro, falando sobre a vontade de se morar fora.”

Incentivo
Segundo Fiterman, a maior apreensão ao fazer seu primeiro filme no Brasil - a qualidade dos profissionais que ia encontrar lá - foi desfeita rapidamente. O maior desafio foi mesmo a dificuldade de captar recursos para tê-lo pronto. E lamenta que tantos projetos dependam de um pequeno grupo de apoiadores.

“Infelizmente, o processo no Brasil é assim. A gente depende muito do dinheiro de incentivo. E acabamos dependendo todos das mesmas empresas. Petrobras, Eletrobras e BR Distribuidora estão em todos os filmes e acabam sendo o nosso ministério da cultura. O orçamento é tão baixo de cultura no país, que se você tem as leis de incentivo, que nos ajudam, as empresas são limitadas e são as mesmas para toda essa demanda de projetos de cinema, música, teatro e artes plásticas.”

Quanto à importância do reconhecimento do mercado americano para o sucesso de um filme, Fiterman diz que não é determinante, mas ajuda.
“O filme não precisa do mercado especificamente americano. Mas, o reconhecimento do filme nos EUA e no mercado mundial é importante. (...) E se o filme é aceito nos EUA e tem distribuição fora, proporciona outros projetos. É o que aconteceu com Walter Salles e Fernando Meirelles, com filmes que fizeram aqui e tiveram repercussão fora, com orçamentos maiores e distribuição melhor, atingindo não só o Brasil, mas o mundo”, afirma o diretor que buscou experiência fora e espera agora, colher frutos dentro do Brasil.