Flórida atrai imigrantes se refugiando do Alabama

Por Gazeta News

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Além dos “snowbirds” que aproveitam o clima menos cruel no inverno e vêm para a Flórida nesta época do ano, o Estado está recebendo um novo grupo de pessoas: imigrantes fugindo da dura lei de imigração, que tem colocado o Alabama no centro da polêmica discussão sobre a reforma imigratória no país.

Há mais de um mês, jornais têm mostrado um maior influxo de trabalhadores indocumentados atravessando as pequenas estradas que ligam o Alabama ao norte da Flórida.

O “Palm Beach Post” contou, no início do mês, a história de Angel Enriquez, de 24 anos, do México, que saiu do Alabama depois que a lei foi aprovada no dia 29 de setembro. Ele veio para a Flórida, mas sempre volta para casa para ver sua esposa e filha de 1 ano.

“Nós temos visto um grande número de pessoas vindo”, disse ao PBP Rachel Hernandes, uma assistente social que ajuda a colocar crianças imigrantes em escolas na Flórida. Mas ainda não é possível contabilizar quantas pessoas têm atravessado a divisa entre os dois estados.

Pessoas como Enriquez estão no meio da polêmica discussão da reforma imigratória no país. De um lado, estão donos de negócios, que procuram por mão de obra barata e pessoas dispostas a trabalhos pesados, como na área agrícola. Do outro lado, estão os americanos que não querem pessoas no país ilegalmente e argumentam que indocumentados estejam pegando seus trabalhos.

A lei do Alabama é considerada a mais dura lei de imigração já aprovada no país. Policiais do Estado são requeridos de checar o status imigratório de qualquer pessoa parada, e prendê-la caso suspeite que esteja no país ilegalmente. A lei também requer que educadores guardem informações sobre a situação imigratória dos alunos e teve um efeito devastador nas escolas do estado. No primeiro dia em que a lei foi aprovada, cerca de 2 mil crianças faltaram às escolas.

Força de trabalho

Mesmo que a intenção de leis como a do Alabama seja a de afastar trabalhadores indocumentados e criar vagas de emprego para cidadãos americanos, o efeito nem sempre é o esperado, de acordo com o Florida Center for Investigative Reporting. Alguns donos de fazendas perderam cerca de 40 a 60% de suas colheitas depois que a lei foi aprovada, pois não podiam encontrar pessoas para a colheita.

“Desde que essa lei entrou em efeito, 11 americanos vieram pedir emprego”, disse Jamie Boatwright, dono de uma fazenda de tomates, à rádio NPR. “Um total de um deles voltou no dia seguinte”. Boatwright disse que essa mesma pessoa carregou algumas caixas e largou o emprego no mesmo dia.

Em busca de trabalho na Flórida

O mexicano Francisco, de 34 anos, que pediu que o PBP não revelasse seu sobrenome, disse que deixou o Alabama com sua família assim que a lei foi aprovada, e se instalou em Marianna, no norte da Flórida, onde está em busca de trabalho. Ele conta que até tentou recuperar seu antigo trabalho como soldador no Alabama, onde ganhava 14 dólares por hora, mas seu antigo patrão disse que só o recontrataria se tivesse documentos para trabalhar.

Dianel, também do México, disse que tinha que dirigir para ir para o trabalho e para buscar seus quatro filhos na escola, e ficou com medo de ser parada nas blitz de imigração. A primeira coisa que fez foi tirar seus filhos da escola. Ela resolveu sair do estado por se ver sem saída: se ela colocasse os filhos de volta na escola, os professores podiam descobrir que ela estava no país ilegalmente. Se não levasse os filhos na escola, disseram que ela poderia ser presa por não levá-los à escola. Por isso também acabou de se mudar para Marianna.