Cortes de Orlando e Miami atenderam aos pedidos da administração Obama e criaram centros de processamento acelerado para os menores desacompanhados e as famílias, priorizando seus casos como parte de um esforço nacional para conter a enxurrada de centro-americanos cruzando para os Estados Unidos ilegalmente. As informações são do “Tampa Bay Times”.
De acordo com os novos procedimentos, os tribunais criaram um sistema para revisar casos e determinar rapidamente se eles devem ou não ser deportados. Enquanto geralmente demora de dois e três anos para resolver casos de deportação, esse sistema demorará meses.
Mas as cortes não estão cumprindo isso adicionando mais juízes. Em vez disso, juízes foram designados inteiramente para esses casos, uma mudança que autoridades do Departamento de Justiça reconhecem que levará a maiores atrasos para milhares de pessoas.
“A maioria desses juízes tem mais de 3 mil casos. Mesmo que um juiz seja atribuído um tempo extra para esses casos, isso significa que as audiências existentes serão atrasadas”, disse o advogado de imigração em Tampa, John Ovink, cujos processos são julgados no tribunal de imigração Orlando.
Depois do Texas e Nova York, a Flórida recebeu o terceiro maior número de crianças desacompanhadas, das quais aproximadamente 57 mil fizeram a perigosa travessia da fronteira desde outubro. Enviadas para ficar com patrocinadores - geralmente pais ou parentes - enquanto seus casos passam pelos tribunais de imigração, a maioria delas foi enviadas para onde já existem grandes comunidades de imigrantes. Mais de 3 mil foram enviadas para a Flórida.
Em Orlando, os juízes têm mais de 600 casos pendentes de jovens, de acordo com a porta-voz do Departamento de Justiça, Kate Sheeley. Mas é o tribunal de imigração de Miami que vai sentir o peso do influxo. Os juízes estão olhando para 1.845 casos pendentes.
Estes números são mais alarmantes para o pequeno número de organizações religiosas e sem fins lucrativos que lidam com a maioria desses casos e, como os tribunais, já estão sobrecarregados. Muitos destes grupos estão fazendo a triagem, escolhendo os casos de crianças com a melhor chance de se classificar para o status especial de imigrante juvenil - um green card que o Congresso criou para crianças menores de 18 anos que já foram negligenciadas, abusadas ou abandonadas pela família em seu país natal.
A firma Tampa Bay’s Gulf Coast Legal Services aceitou aproximadamente 20 desses casos. Camila Pachon Silva, a única advogada de imigração na Sociedade de Assistência Jurídica de Orlando, disse que está lidando com vários agora e espera mais. Ela teme que o sistema acelerado para esses casos não vai dar a menores e suas famílias o tempo suficiente para encontrar advogados ou as certidões de nascimento e outros documentos que eles precisam.
“Muitas dessas crianças não vêm com papéis”, disse ela, “e este processo vai andar muito mais rápido do que qualquer outro”.
Ela foi informada que seus outros clientes podem ter que esperar até 2015 para ter seus processos julgados.
O excesso desses casos juvenis expuseram uma fraqueza na comunidade jurídica - muitos advogados de imigração não tem experiência com esses tipos de casos. Gail Seeram, ex-presidente da filial da Flórida Central da American Immigration Lawyers Association, está realizando uma sessão de treinamento no próximo mês em Orlando, onde Silva vai ensinar a advogados como ganhar “Special Immigrant juvenile Status” para seus clientes. O maior desafio poderá ser convencer advogados a entrar nestes casos pro bono, disse Seeram. Uma solução possível será disponibilizar fundos da associação para isso.