Flórida figura entre os estados com dívida mais alta de empréstimos estudantis e de automóveis

Por Arlaine Castro

A Flórida figura entre os principais estados do país com dívidas de empréstimos para automóveis, segundo dados do New York Federal Reserve relativos ao quarto trimestre de 2018 citados pelo Florida Business Journal. Também no campo educacional, a Flórida aparece com uma média de $23,556 de débito por estudante e com 50% dos graduandos endividados, de acordo com os dados do site LendEdu. Mais de 7 milhões de americanos estavam pelo menos 90 dias inadimplentes em seus empréstimos de carro no quarto trimestre de 2018, com quase US $ 1,3 trilhão em dívida de veículos. No mesmo período, a taxa de inadimplência nacional do empréstimo estudantil chegou a 11,4% (para mais de 90 dias inadimplentes), segundo dados do New York Federal Reserve. Em todo o país, são 44,7 milhões de pessoas com dívida de empréstimo estudantil que juntos devem US $ 1,56 trilhão - o maior patamar de todos os tempos, segundo o Institute for College Access and Success citado pela revista Forbes. Atrás somente da dívida hipotecária, a de empréstimos estudantis é agora a segunda maior categoria de dívida do consumidor. Maior até mesmo do que dívidas com cartões de crédito e dos empréstimos para automóveis. A média calculada por cada devedor era de US $ 28.650 em 2017, de acordo com o Institute for College Access and Success. Opções para o refinanciamento de seus empréstimos de estudante – Saúde Financeira Para a analista financeira, Claudia Fehribach, o endividamento de grande parte dos estudantes acontece também porque a maioria não consegue emprego na área ou com um bom salário logo após a formatura que dê para cumprir com o pagamento no tempo contratado, o que gera uma bola de neve. "A maioria dos estudantes crê que, como vai se formar em boas profissões, irá conseguir fazer o pagamento do empréstimo de uma maneira rápida e sem problemas, mas a dura realidade é que um grande percentual desses estudantes se forma e demora muito mais tempo para conseguir entrar no mercado de trabalho e quando entram, não é no patamar salarial que achava que seria. Com isso, eles ficam sem condições de pagar o empréstimo logo de cara ficando inadimplentes por um tempo e essa dívida acaba virando uma bola de neve", explica. Já a inadimplência com empréstimos de automóveis, a analista entende que o maior problema que existe hoje muita falta de informação e com isso as pessoas acabam fazendo negócios absurdos. "Certos "dealerships" ou concessionárias colocam os juros lá no alto e as pessoas acabam aceitando esses juros, que são até proibitivos de tão altos, que não tem necessidade. Por exemplo, um casal de clientes que se mudou de Nova York para a Flórida, estava com um empréstimo para automóvel de mais de 12% ao mês. Uma loucura. Uma companhia parceira daqui conseguiu reduzir os juros para menos de 5%", destaca. Não é difícil encontrar quem não esteja sob algum ou os dois empréstimos. Liliane Souto é uma entre os milhares de estudantes que usam o empréstimo estudantil na Flórida. Já graduada, Souto está fazendo o curso de Master Business Administration na Barry University em Miami e conta pela segunda vez com a ajuda do empréstimo para os estudos. "Nesse tipo de empréstimo pelo FEDLOAN, comecei a pagar depois de seis meses que terminei a faculdade e os pagamentos são uma porcentagem de acordo com a minha renda anual", explica. A projeção para evitar uma "bola de neve", de dívidas, segundo Souto, é negociar as parcelas de acordo com o que a pessoa pode pagar. "Outra opção é pagar a escola à vista, mas como é difícil, a pessoa já tem que entrar no empréstimo ciente de que terá que pagar depois. E nunca pegar emprestado mais do que precisa para pagar a escola", salienta. Formada em bacharelado pela Florida Gulf Course University, Souto paga atualmente $35,00 por mês pelo curso que já fez e que teve o custo em torno de $60.000,00. "Imagino que depois que terminar meu master que tem o valor em torno de $25.000,00 total, meus pagamentos para o empréstimo serão de uns $200 por mês", calcula. A brasileira, que trabalha no Departamento de Crianças e Famílias da Flórida, cita que há ajuda por parte de organizações e até das escolas para facilitar aos estudantes o pagamento. Mas, mesmo com meios que alunos têm para obter ajuda financeira, Souto entende que esse empréstimo do governo acaba sendo também uma forma de incentivar as dívidas. "Acho que as faculdades deveriam ser mais baratas porque as escolas são caras e o governo patrocina as dívidas dos estudantes em forma de empréstimo", analisa. Estados Califórnia, Flórida, Texas e Nova York são os estados que representam mais de 20% de todos os mutuários residentes de empréstimos estudantis dos EUA que juntos devem mais de US$ 340 bilhões em dívidas dos empréstimos. De acordo com dados de 2017, por estudante, Connecticut tem a maior dívida média de empréstimos estudantis (US $ 38.510), enquanto Utah tem a menor média: (US $ 18.838). Já a Pensilvânia, Nova York e Michigan têm uma das maiores dívidas de empréstimos estudantis per capita do país. O valor per capita da Flórida é de US $ 4.480, aponta a Forbes. De dívidas com automóveis, juntamente com a Flórida, aparecem o Arizona, Califórnia, Illinois, Michigan, Nova Jersey, Nevada, Nova York, Ohio, Pensilvânia e Texas como estados que lideram dívidas de empréstimos de automóveis e inadimplência. No final de 2018, 31% dos moradores da Flórida tinham um financiamento de automóveis, de acordo com o Urban Institute. Cerca de 4% dos empréstimos estavam inadimplentes, e 11% eram subprime, ou seja, um crédito de risco, concedido a um tomador que não oferece garantias suficientes para se beneficiar da taxa de juros mais vantajosa. Com 5%, o condado de Miami-Dade tinha os empréstimos para automóveis mais inadimplentes na área do "tri-county". Em Broward, a taxa de inadimplência era de 4%, enquanto a taxa era de 3% em Palm Beach. Leia também Cossignatários podem ter surpresas em seus empréstimos estudantis privados – Saúde Financeira