Brasileiros na FL analisam o impacto da mudança na rotina e nos negócios por causa do coronavírus

Empresários contam como estão se adaptando e preparando para uma possível crise nos negócios

Por Arlaine Castro

Com cancelamentos de pedidos por causa do coronavírus, a empresária Andreia Muller analisa as perdas.

A pandemia pelo coronavírus COVID-19 tem afetado a vida de milhares de pessoas em todo o mundo. Na Flórida, onde 192 pessoas estavam confirmadas com a doença, seis pessoas morreram e outras 558 estavam sendo monitoradas sob suspeita de infecção até a quarta-feira, 18, não é diferente. Com determinação de fechamento de bares e restaurantes, além de praias e parques, pelo governo estadual, a rotina de milhares de pessoas mudou de uma hora para outra.

Aulas tanto em universidades quanto em escolas de ensino fundamental e médio públicas estão temporariamente suspensas e continuando de forma online; trabalhadores foram designados a continuarem prestando serviço via 'homeoffice'; praias foram fechadas ao público; restaurantes e bares operando parcialmente ou fechados, toque de recolher nas ruas das cidades: tudo isso são medidas adotadas pelos governos locais para evitar a propagação ainda maior do coronavírus no estado.

Brasileiros que são donos do próprio negócio, trabalham por conta própria ou para empresas contam sobre o impacto na rotina e na parte financeira, com alguns prejuízos já previstos e as estratégias adotadas para passarem pelo difícil período.

Impacto nos negócios

Dona da The Flower Studio, uma floricultura em Altamonte Springs, Andreia Boscato Muller, conta que desde a semana passada está lidando com cancelamentos e remarcações das vendas para eventos, casamentos e pedidos para o dia a dia.

"Estou cortando o máximo possível de gastos desnecessários, sendo flexível e tendo compaixão com todos os meus clientes que estão sendo obrigados a remarcar os eventos. São casamentos e festas que estavam sendo organizados há mais de 12 meses. Ontem mesmo tive quatro eventos que remarcaram para setembro, outubro e novembro", conta.

Eventos cancelados

A empresária explica que cada evento cancelado pode gerar um prejuízo de até US$3.000 contando todos os gastos com horas trabalhadas, pagamento dos ajudantes, motorista, etc. Por isso, a estratégia adotada por ela está sendo tentar ao máximo negociar uma remarcação ao invés do cancelamento dos eventos agendados.

"O prejuízo para remarcar é menor para todos os envolvidos. Até agora tivemos sucesso, mas hoje mesmo já recebi outro email de uma noiva com evento para outubro que está muito preocupada e pode cancelar. Estamos todos juntos nesse barco. Estamos em estado de emergência e ninguém pediu para ser colocado nesta situação. Precisamos trabalhar juntos para achar uma solução", pondera.

"Se o governo determinar que temos que fechar, fecharemos"

Proprietária de dois estabelecimentos brasileiros bastante frequentados no sul da Flórida, o restaurante Picanha Brazil, em Boca Raton, e da pizzaria Dipizza, em Parkland, Ivanete Dombrowski conta que reforçou a higiene dentro dos estabelecimentos e que, por enquanto, continuam funcionando normalmente.

"Reforçamos a higiene nos ambientes, colocamos mais pontos de álcool gel disponíveis, são feitas limpezas extra das mesas, cadeiras, maçanetas das portas e toda superfície de contato direto das pessoas. Também colocamos as mesas mais afastadas umas das outras. Estamos fazendo a nossa parte", afirma.

Segundo Dombrowiski, houve aumento dos pedidos de delivery e de pessoas que vão até o local, mas pedem para levar para casa. Prevendo um possível período de crise, a empresária conta que orientou os funcionários a evitarem gastos desnecessários, caso tenha que fechar os estabelecimentos e dispensá-los por um período. "Alguns inclusive cancelaram viagens que pretendiam fazer", afirmou.

"Vamos passar por mais essa porque somos brasileiros", finaliza.

E acrescenta que estão bem conscientes da situação, mas otimistas. "Preparados para crise, nunca ninguém está, mas vamos passar por mais essa porque somos brasileiros e sabemos bem o que é viver com e superar crises. O vírus pode estar em qualquer lugar, estamos fazendo o possível e vamos funcionar até quando der, mas é claro, se o governo determinar que temos que fechar, fecharemos", finaliza.

"Medo de ser

infectado ou

infectar alguém"

"Meu marido é eletricista e está sem poder entrar nas casas de clientes por medo de ser infectado ou infectar alguém. Eu trabalho em um daycare e o número de horas no meu trabalho reduziu drasticamente. Todas as professoras estão trabalhando em sistema de rodízio para que ninguém fique sem pagamento algum. Temos um filho de cinco anos, que como todas as crianças, estão fora da escola por conta do vírus. Estamos fazendo o que podemos para seguir nesta crise", relata Vanessa Castilho, moradora de Deerfield Beach.