Brasileiros relatam drama por confinamento em navios de cruzeiro há mais de 2 meses na costa da FL

Só em um desses navios estão quase 200 brasileiros que aguardam repatriação e sofrem com a falta de informações

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A mineira Luiza Lucchesi, 29 anos, está há mais de dois meses em alto-mar na costa da Flórida.

Mais de dois meses após o desligamento da indústria de cruzeiros em meio a repetidos surtos de COVID-19 em navios, mais de 100.000 tripulantes permanecem presos no mar com poucas informações confiáveis sobre o que lhes acontecerá, contabiliza o Miami Herald.

Só em um desses navios estão quase 200 brasileiros que aguardam repatriação.

Ancorada no Porto de Miami desde março, a chef de cozinha Luíza Luchessi, 29 anos, conta cada minuto que passa para voltar para Belo Horizonte (MG). Há mais de dois meses confinada, a mineira contou com exclusividade ao Gazeta News que o navio tem quase três mil pessoas - todos tripulantes- dentre eles uns 200 brasileiros, e que os dias têm sido de luta para manter a saúde mental até poder voltar para casa.

"Somos quase 200 agora"

Segundo ela, houve recentemente uma troca de navios e todos os brasileiros que trabalham na empresa Norwegian Cruise Line estão a bordo no navio.

"A comida de um modo geral não é muito boa, é sempre a mesma e pouco nutritiva, são poucas opções de proteína, é praticamente carboidrato e gordura. Comparando com o início do lockdown quase todas as pessoas que estão aqui ou engordaram ou emagreceram muito, é visível a mudança".

Suicídios

O Gazeta News conversou também com Patrícia Luchessi, mãe de Luiza, que contou que a situação fica cada dia mais tensa, inclusive com racionamento de comida. "Eles estão enfrentando muitas filas para o restaurante, há aglomerações, e inclusive houve um surto de gastroenterite recentemente, o que é relativamente comum em navios. O mais preocupante são os relatos de três casos de suicídio em uma única semana", disse.

"A gente já não acredita mais"

Rosemeire AP Boni Furlan, mãe de Jéssica Boni Furlan e sogra de Caio Saldanha, procurou o Gazeta News para relatar a situação preocupante em que estão a filha e o genro em outro navio de cruzeiro que estava na costa da Flórida e segue em direção ao Caribe.

"Eles estão confinados em navios desde o dia 14 de março. Foram para trabalhar no navio Celebrity Infinity da Royal Caribbean, depois de 2 meses lutando para vir para casa, sem sucesso, foram para o navio Celebrity Reflection. Estão em uma cabine bem pequena no porão do navio, pois está muito lotado de tripulantes. Estão muito abalados psicologicamente", que também está desesperada pela situação.

"Minha filha foi trabalhar como apresentadora e o meu genro como DJ". Segundo informações da mãe, eles seguem em direção a Barbados, uma ilha do Caribe oriental, com previsão de voo para o Brasil no dia 27/05 saindo de lá. "Mas a gente já não acredita mais, porque as outras vezes cancelaram os voos", afirmou.

Ao Gazeta News, Caio disse que "os dias confinados estão sendo muito longos", e confirmou a data prevista para de retorno ao Brasil para o dia 27 de maio, "porém, não há confirmação até o momento. Essas datas são possibilidades", disse.

O Gazeta News entrou em contato com o Consulado do Brasil em Miami que orientou a procura direta ao Itamaraty, mas até a publicação desta, não houve retorno. Leia a matéria completa no gazetanews.com.