O impacto social e econômico da proibição temporária da entrada de turistas brasileiros na Flórida

Profissionais brasileiros falam sobre o impacto da pandemia nos negócios com a diminuição dos turistas

Por Arlaine Castro

O impacto da pandemia reduziu em 85% o fluxo de clientes no Camila´s, restaurante brasileiro em Orlando.

A entrada de qualquer pessoa, brasileira ou estrangeira, que não seja cidadã americana ou residente permanente, e que tenha passado os últimos 14 dias no Brasil, está temporariamente barrada nos Estados Unidos, conforme ordem executiva assinada por Donald Trump no domingo, 24.

A decisão é uma resposta à pandemia de coronavírus na região da América do Sul, com destaque para o Brasil - que lidera em número de casos e mortes. Até a quarta-feira, 27, o Brasil possuía mais de 391.000 casos de COVID-19 - o segundo maior número de casos confirmados no mundo, atrás somente dos EUA que tem mais de 1.681.790 casos, segundo dados da Universidade Johns Hopinks.

De acordo com um estudo recentemente divulgado pela Oxford Economics, a Flórida está entre os estados mais vulneráveis ao choque econômico causado pela pandemia por ser o único estado densamente povoado, com uma parcela comparativamente grande de seus 21 milhões de habitantes com mais de 65 anos de idade e uma economia que é relativamente dependente das vendas no varejo e do turismo.

Impacto no

turismo

Com voos suspensos ou reduzidos, as companhias aéreas viram sua receita despencar nos últimos dois meses. A Latam entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA.

Única que continuou operando voos do Brasil para a Flórida durante a pandemia, a Azul Linhas Aéreas chegou a anunciar um trecho extra saindo de Campinas para Fort Lauderdale excepcionalmente nesta quinta-feira, 28, (um dia antes do que seria o início da medida imposta por Trump antes da antecipação), mas teve que cancelá-lo. Por meio de nota ao Gazeta News, a empresa disse que cancelou o trecho extra e suspendeu os voos para Orlando, ficando com as operações semanais somente para Fort Lauderdale.

Para Rodrigo Fonseca, Cônsul Adjunto e Chefe do Setor Econômico e de Promoção Comercial do Consulado Geral do Brasil em Miami, essa suspensão de turistas impactará fortemente a comunidade brasileira local, mas ele acredita que seja uma situação temporária. "Lembrando que a medida não é exclusiva aos cidadãos provenientes do Brasil, mas já estava em vigor há alguns meses em relação a outros países. A situação atual é incerta e delicada, mas eventualmente será amenizada. Recordando que o Brasil também proibiu a entrada de estrangeiros no país. Medidas restritivas têm sido adotadas por diferentes países e se mostram necessárias diante do contexto atual. Os residentes permanentes, norte-americanos e demais exceções indicadas pelo governo norte-americano poderão entrar no país", afirmou.

Apesar do impacto sentido pela pandemia, Fonseca acredita na retomada segura e gradual das atividades tanto na Flórida quanto no Brasil. "Tenho certeza de que o turismo voltará em médio prazo à recuperar seu papel de principal atividade gerador de emprego no mundo. O turismo, que, num primeiro momento, esteve se ressentindo do impacto direto da suspensão de voos e de possibilidade de hospedagem que forma, junto com o segmento de restaurantes, bares, albergues, entre outros, a importantíssima indústria da hospitalidade", afirma.

Impacto nos

negócios brasileiros

Com uma média diária de três mil pessoas na alta temporada e mil na baixa temporada, o impacto dessa pandemia reduziu em torno de 85% o fluxo de clientes no Camila´s, conhecido restaurante brasileiro em Orlando.

Segundo o proprietário Júnior Charamba, a ausência de brasileiros mesmo que seja temporária, terá um impacto muito grande na economia dos que os têm como principal cliente.

"Estamos esperando um retorno mais forte dos turistas em setembro, pois além da situação de pandemia que estamos vivendo, ainda tem o dólar que está alto que dificulta o retorno imediato dos turistas brasileiros. Acreditamos que daqui pra frente terá muita cautela das pessoas que pensam em viajar e desprender um alto valor para isso", completa.

Corretor de imóveis filiado ao Coldwell Banker e que representa em Orlando o Grupo Brasileiro WAM de Hotelaria e outros dois grupos brasileiros de investidores imobiliários na região central da Flórida, Miguel Kaled relembra outras vezes em que a cidade sofreu com as recessões econômicas e aponta a diversidade como característica primordial para a recuperação rápida de Orlando.

"Haverá um impacto grande nas lojas, restaurantes e no setor de hotelaria em geral, quer nos hotéis ou nos aluguéis de casas de férias. As companhias aéreas também devem sofrer, acompanhadas do mercado imobiliário exclusivo a brasileiros. Mas tudo retornará mais forte", salienta.

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