Fluxo de pessoas que deixam o Brasil cresce mais de 80%

Por Arlaine Castro

elisangela e os filhos em Torino

O casal de mineiros Chener Vinicius André de Lima, 38 anos, e Elisângela Moreira Assis Lima, 34, morou em Torino, na Itália, por sete anos, de 2006 a 2013, retornou ao Brasil e voltou para a Itália em março desse ano, após um período de três anos na terra natal.

Com os dois filhos, Rennicklis Moreira Lima, de 14 anos, e Yuri Moreira de lima, de 10, (o mais novo nasceu na Itália), Elisângela conta que resolveram voltar ao Brasil por motivos familiares e pela vontade de tentar a vida no país de origem depois de anos fora. “A crise aqui na Itália também influenciou nossa decisão de retornar ao Brasil no final de 2013. Ficamos um tempo, mas, infelizmente, ainda está muito difícil. A escola para os nossos filhos e o sistema de saúde daqui nem se comparam com os do Brasil. Tirando o aluguel, as outras coisas são muito baratas. Nosso Brasil é maravilhoso, mas não nos permite ter uma vida decente”, declarou.

Em Torino, Elisângela, que tem o ensino médio, trabalha como faxineira e o marido, que não completou os estudos, mas tem permissão de trabalho, atua como cuidador de idosos e faz bicos como eletricista, pintor, serviço hidráulico, etc. “Mesmo trabalhando pesado, a qualidade de vida é muito melhor. Pretendo estudar meus filhos aqui e só depois pensar em voltar”, diz Elisângela.

Já os brasileiros de São Paulo, Arnaldo, 34, e Bianca Torres, 30, resolveram arriscar pela primeira vez a vida fora do Brasil em maio desse ano, quando chegaram à Flórida com a pretensão de ficarem por tempo indeterminado. “A gente já pensava na hipótese porque temos conhecidos que estão aqui há anos e sempre falam que é bem melhor que no Brasil, ainda mais agora, com a crise e desemprego lá”, conta.

Arnaldo trabalhava para uma fábrica no ABC Paulista e foi um dos 95 funcionários demitidos em 2014. Bianca trabalhava como secretária em um consultório médico, mas a renda não era o suficiente para manter o casal que pretende ter filhos tão logo a situação econômica permita. Hoje, o casal mora em Pompano e com ajuda de amigos já estão se virando com trabalhos. “Acredito que logo estaremos em melhor situação e poderemos pensar na família. Voltar ao Brasil por enquanto é bem fora de cogitação”, diz Arnaldo.