Fracassa na Câmara o acordo de ajuda financeira aos bancos

Por Gazeta Admininstrator

Por: Letícia Kfuri

Em um momento qualificado pelo jornal The New York times como de “drama histórico” no Capitólio e em Wall Street (coração financeiro do País), a Câmara dos Representantes votou, na segunda-feira(29), pela rejeição da ajuda financeira de $700 bilhões à indústria financeira norte-americana.

A votação foi encerrada com 228 votos contra e 205 a favor. A maioria dos votos contrários à aprovação foi de republicanos. Entre os democratas, 94 recusaram a proposta. Os defensores do pacote de ajuda já disseram que vão tentar votar as medidas, novamente, o mais rápido possível.

De acordo com os principais sites financeiros dos EUA e internacionais, o índice Dow Jones, da Bolsa de New York, caiu 777 pontos, logo após o anúncio do fracasso da votação. Foi a maior queda do índice Dow desde os ataques de 11 de setembro de 2001.

O projeto teria permitido que o Governo destinasse $700 bilhões para que bancos e outras empresas financeiras cobrissem os rombos causados por maus investimentos em ativos garantidos por contratos de financiamento imobiliário, que agora estão entrando massivamente em foreclosure (processo de retomada de imóvel por falta de pagamento do financiamento).

A intenção era que o atual governo, e o próximo, tivessem condições de comprar tais ativos “podres” e, depois, designassem um grupo de indivíduos e instituições para gerenciá-los.

Dia-a-dia
A não aprovação do plano, na prática, deixa claro dois aspectos principais para o dia-a-dia de quem vive nos Estados Unidos. Não há dúvidas, explicam analistas, de que o crédito ficará mais difícil e inacessível, porque os bancos terão dificuldades em captar dinheiro no exterior - devido aos altos custos de captação e prazos menores. Não está fora de cogitação que os bancos pequenos e médios terão dificuldades de operar. Com uma visão mais pessimista existe a possibilidade de bancos pequenos quebrarem, e que os bancos públicos ofere-çam liquidez comprando carteira de outros bancos.

Já para os consumidores, o mercado já esperava o fim do crédito mais fácil, que pode ser adiantado, portanto, parcelar a compra de imóveis em 30 anos ou até promoções de concessionárias no final do ano podem não ser tão boas e tornarem-se raras.

Contra e a favor
Os defensores do pacote agurmentam que ele é necessário para evitar o colapso do sistema financeiro norte-americano, e que a “calamidade” atingiria não apenas os investimentos em Wall Street como, possivelmente, também, as poupanças e investimentos de milhões de norte-americanos.

Os oponentes ao pacote disseram que a discussão do projeto está envolta em muita afobação, e que poderia resultar em perda de dinheiro dos contribuintes, para reparar investimentos mal feitos de “apostadores” da bolsa de valores.

A secretária-assistente do Tesouro dos EUA para Assuntos Públicos, Michele Davis, disse que o secretário Henry Paulson vai fazer consultas com o presidente George W. Bush, com o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, e com os líderes do Congresso dos EUA, sobre como agir depois da rejeição do pacote de socorro ao setor financeiro pela Câmara.

“Enquanto isso, nós continuamos prontos a trabalhar com outras agências reguladoras e usar todas as ferramentas a nosso dispor, como temos feito ao longo de vários meses, para proteger nossos mercados financeiros e nossa economia”, acrescentou.

O presidente da Comissão de Serviços Financeiros da Câmara de Representantes, Barney Frank, disse, depois da votação, que os congressistas vão avaliar a “reação econômica” antes de definir o próximo passo do Legislativo.

Bush divulgou, logo em seguida, estar muito decepcionado com a derrota do plano de resgate financeiro, e pediu a seus assessores que avaliem os próximos passos a serem dados, informou a Casa Branca.

Já o candidato democrata à presidência, Barack Obama, expressou sua confiança de que o plano de ainda pode receber o aval do Congresso americano e pediu para que os mercados fiquem calmos.

Obama afirmou ter conversado por telefone com o secretário do Tesouro e a presidente da câmara, a democrata Nancy Pelosi, assim como outros parlamentares.

“Eles ainda estão tentando trabalhar no pacote de resgate”, garantiu Obama. “Estou confiante que vamos chegar lá, mas vai ser um pouco difícil. É importante que os mercados fiquem calmos”.