A demolição da candidatura de Marina Silva à Presidência da República, liderada por seus companheiros de antigamente, é o sinal mais claro de que o Partido dos Trabalhadores segue a sina de afastar do caminho todos os aliados que decidiram enfrentar o aparelhamento do governo.
Com o apelido de “desconstrução de Marina”, os abutres sobrevoam a candidatura e partem para os mais baixos procedimentos contra os que ousam contrariá-los. Na selva amazônica, até os animais percebem a presença de caçadores de reputações em busca de detalhes da vida de Marina, desde o seu nascimento.
A companheira, que até Lula tenta preservar, é o alvo da campanha sórdida que está só começando. Eduardo Campos, outro companheiro que se desligou do poder em busca de mudanças, mesmo morto, se transformou em objeto de investigações com o intuito de atingir a frágil candidata.
Agora, com a delação do operador das falcatruas na Petrobrás, as perfuradoras de alta tecnologia usadas no pré-sal, que sugam milhares de litros de petróleo por dia, atingiram o fundo do poço, e de lá tiraram mais lama para se juntar ao lamaçal em que se tornou o governo do fim dos últimos dias.
A inevitável descoberta dos desatinos dos dirigentes da estatal provoca no empresariado brasileiro a desconfiança no destino da economia, a ponto de muitos estarem estarrecidos com a meteórica ascensão da candidata Marina Silva nas pesquisas de intenção de votos para o cargo de Presidente da República. Ela, que era coadjuvante, passou a ser protagonista com o acidente que vitimou de morte o candidato Eduardo Campos.
Como cabeça de chapa, Marina não só surpreendeu, como ultrapassou todas as avaliações dos professores de política. Subiu nas intenções de votos e se apresenta com aura da honestidade, mudança da velha para a nova política, menina do interior, discurso genérico, críticas rigorosas, benfeitora das licenças ambientais das principais obras brasileiras e defesa do crescimento com sustentabilidade.
Mas isto não é o fundamental. O que surpreende realmente é a incapacidade dos administradores da campanha de Dilma conseguirem tornar a candidata oficial a salvadora de uma pátria que se esvai entre os dedos sujos da marginália que dominou o poder.
A cada dia surge um novo delator com documentos e vídeos que arrasam qualquer argumento das autoridades. As afirmações de que advogados vazam informações para prejudicar a candidatura de Dilma soa como gritos de afogados. O problema não são os vazamentos das declarações, e sim a comprovação da prática criminosa que imperou não só na Petrobrás, mas que se instalou na administração pública.
A condenação pelo Supremo Tribunal Federal da “não-quadrilha”, formada por autoridades poderosas, é a demonstração de que a mudança apregoada nos programas eleitorais começara desde o final do primeiro governo Lula, quando a roubalheira foi desmontada por Roberto Jefferson, que aliviou algumas autoridades para garantir o andamento das investigações. Sabia ele que o envolvimento de peixes graúdos, com certeza, prejudicaria as operações de coleta das provas que acabaram levando-o para trás das grades com seus antigos parceiros. Jefferson foi o primeiro dos delatores dos esquemas de desvio de dinheiro público.
A continuarem os vazamentos de depoimentos do ex-diretor da Petrobrás, será inevitável a derrocada da candidatura de Dilma, o que poderá levar para o segundo turno a dupla “Ficha Limpa”, Aécio e Marina, permitindo aos brasileiros votar sem errar: qualquer um dos dois poderá concluir a mudança que o país precisa, e nos tirar do fundo do poço, pois o preço que estamos pagando por nossas péssimas escolhas está muito caro e inflacionado.
Por Paulo Castelo Branco