Talvez, a grande maioria da nossa comunidade não esteja acompanhando e nem demonstre qualquer interesse pelo processo eleitoral norte-americano. A campanha que se trava rumo à sucessão de George W. Bush é fascinante, eletrizante, mas está muito longe de sensibilizar o grande público imigrante. O que é uma pena.
Entendemos que o idioma é uma barreira crucial. Mais juma vez, aí se materializa a importância que tem, para todo e qualquer imigrante, batalhar para ter o melhor nível possível de compreensão do inglês.
Também já está totalmente “fora de moda” dizer que política “não tem nada a ver”, ou que “político é tudo ladrão, são todos iguais e só querem se beneficiar”. Esses raciocínios simplistas e escapistas só servem, hoje em dia, para identificar pessoas alienadas ou “burras”. Política é vital. Super importante. Afeta direta e radicalmente a vida de todos.
A sucessão de George W. Bush é importantíssima para todos no planeta. Gostem ou não de reconhecer isso, o fato é que os Estados Unidos são a nação mais rica e poderosa do mundo. As decisões que afetam o dia a dia dos “gringos” afetam, em alguma medida, a cada um dos seres deste planeta. Foi assim com Roma e, depois, com o Império Britânico. É assim agora com o Império Yankee.
Se, para quem vive em qualquer lugar do mundo, a decisão sobre quem vai ocupar a Casa Branca a partir de janeiro de 2009 é muito importante, imaginem paras os 12 a 14 milhões de imigrantes ilegais que vivem nos Estados Unidos.
Do jeito que a carruagem anda, as esperanças dos ilegais estão mais acesas do que nunca, e o motivo é bem simples.
Reconhecemos que a opinião pública norte-americana, muito confusa e mal informada por meios de comunicação sensacionalistas e intencionamente inacurados, está “dividida” sobre o tema imigratório.
Apesar disso, os candidatos que estão liderando as primárias têm uma mensagem positiva para os ilegais.
E são os candidatos com mensagens mais progressistas que estão com perfil mais vitorioso nas eleições deste ano.
Do lado Democrata, que segundo as pesquisas deve eleger o futuro presidente, seja qual for o seu candidato, Hillary Clinton ou Barack Obama, há um consenso muito forte e expresso em todos os debates e comícios, de que um dos primeiros atos do próximo presidente será a reforma imigratória.
Do lado Republicano, o ex-governador de Massachusetts, Mitt Romney – que ainda sonha em cortar caminho e superar o já favorito John McCain – tem uma postura muito conservadora e que não é favorável aos imigrantes ilegais. Mas seu oponente, e favorito, é um dos maiores defensores da reforma imigratória, tendo co-patrocinado, nos últimos anos, diversas propostas que foram enviadas ao Congresso e rejeitadas.
McCain, que tem historicamente um perfil simpático ao imigrante, é um político que, consistentemente, tem defendido a “solução única” que é promover a legali-zação da maioria esmagadora dos indocumentados que aqui estão.
Ou seja, dos 4 que “sobraram na curva”, 3 têm posições que animam os imigrantes e reacendem de forma importante a chama da esperança pela sonhada legalização. Chamou a atenção no recente debate em Los Angeles, quando Hillary Clinton aber-tamente criticou jornalistas como Lou Dobbs (CNN) acusando-os de promover uma campanha anti-imigrante e irrealista sobre a questão.
“Ninguém de bom senso pode acreditar que os Estados Unidos, um país de imigrantes, vá deportar 12 a 14 milhões de pessoas. Nós sabemos que isso não vai acontecer”. A corajosa declaração de Hillary apenas reflete o que todos os políticos e analistas já sabem, mas quase ninguém abre a boca para dizer.
Mas não vamos com muita sede ao pote. Nos últimos cinco anos, por diversas vezes, a massa trabalhadora imigrante deste país sofreu,chorou e até comemorou vitórias que pareciam certas, para desaguarem em terríveis frustrações. O medo, a insegurança e o estresse chegaram a tomar conta dessa imensa porção da populaçao do país, diante de tantas perseguições, prisões e dificuldades em se enxergar uma luz no fim do túnel.
É possível sonhar? Com certeza, é. Está cada vez mais claro no horizonte que a reforma virá, e virá breve.
Mas que ninguém compre chope antes da hora.
Gato escaldado tem medo de água fria.

