Gaúcho é morto no Brasil ao voltar dos EUA, após quatro anos

Por Gazeta Admininstrator

O gaúcho Anísio Nunes de Casti-lhos, de 45 anos foi assassinado no início da madrugada de terça-feira(2), em Porto Alegre, ao chegar de viagem dos Estados Unidos após quatro anos. O latrocínio está sendo investigado pela 18ª Delegacia de Polícia (DP) de Porto Alegre.

Anísio trabalhava em uma oficina mecânica e veio tentar a vida nos Estados Unidos há cerca de quatro anos. Deixou esposa e dois fi-lhos no Rio Grande do Sul. O objetivo era juntar dinheiro para ter melhor qualidade de vida para a família.
Jefferson Pereira, amigo da vítima na Flórida, disse que Anísio trabalhava muitas horas por dia, sete dias por semana, sempre pensando em mandar dinheiro para a família no Brasil. “Ele trabalhava feito um cavalo. Tudo o que ele ganhava mandava para o Brasil. Não gastava com nada, pensava dez vezes antes de comprar alguma coisa”, lembra Pereira.
Ele conta que o amigo entregava malotes de segunda a sexta, e nos sábados e domingos trabalhava na oficina mecânica Japanese Auto Care, em Margate. “Quando não tinha serviço na oficina ele tra-balhava de cozinheiro e garçon em festas particulares. Foi uma batalhador. Trabalhou muito mesmo nesses quatro anos que esteve aqui, e quando era para aproveitar a vida, aconteceu isso”, lamenta.
Na Flórida vivem também dois irmãos de Anísio, Vitor e Valter, que já o haviam aconselhado a não voltar. “O irmão dele mais novo, Valter, disse pra ele, não vá, arrume um jeito de trazer a família, mas a esposa não queria vir porque já havia vindo e não gostou. Ele falava muito que tinha saudades da família, que já não aguentava mais, e que não conseguia ficar nem mais um dia. Se ele tivesse ficado mais um dia, talvez não tivesse acontecido isso”, lamenta o amigo.
O retorno foi marcado para a noite de segunda-feira(1), e seria uma surpresa para os filhos de nove e 16 anos, que estão morando em Cidreira, no Litoral Norte, e não sabiam de nada. A esposa de Anísio de Castilhos foi buscá-lo no aeroporto Salgado Filho e o levaria a Cidreira para rever os filhos. Mas, à 0h15min, no bairro Jardim Itu Sabará, na Ari Tarragô, o casal teve o veículo interceptado por quatro criminosos, que anunciaram o assalto.
As vítimas se assustaram e esboçaram uma tentativa de fuga. Os bandidos dispa-raram várias vezes, acertando quatro tiros em Anísio de Castilhos, três nas costas e um na cabeça. Ele acabou morrendo e os ladrões fugiram.
Anísio havia levado no bolso $3 mil, que os criminosos não roubaram.
No ponto da avenida onde Anísio foi morto, moradores contam que assaltos acontecem com freqüência.
A polícia trabalha com a hipótese de que os bandidos queriam assaltar o casal, sem a intenção de levar o carro em que eles estavam, um Santana.
De acordo com o delegado João Bancolini, que responde pela 18ª Delegacia da Polícia Civil, pessoas já estão sendo investigadas pela morte de Anísio. Na tarde de quinta-feira(4), novos depoimentos foram tomados.
O novo secretário da Justiça e da Segurança, Ênio Bacci, pediu na terça-feira(2) que as investigações do caso tenham prioridade.
Anísio era proprietário de uma sorveteria em sua cidade, e tinha planos de aproveitar a ida para o Brasil para descansar de tantos anos de trabalho duro nos Estados Unidos, e depois planejar o futuro.
Jefferson, o amigo de Anísio que ainda vive na Flórida está nos EUA há 15 anos, e também planeja voltar no final deste ano para o Brasil. A tragédia ocorrida com o amigo, no entanto, não o desanimou. “Quando aconteceu isso com ele, fiquei perdido, mas a violência está em todos os lugares. Se for em Miami há violência também. Há lugares em que não se pode andar. A diferença é que aqui a polícia funciona”, conclui Jefferson.
A polícia do Rio Grande do Sul colocou o telefone (51) 3389 2012 à disposição para receber ligações, inclusive a cobrar, com denúncias sobre o crime ou o paradeiro dos bandidos.