Genes não são determinantes, são contribuintes

Por Ivani Manzo

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  • Durante o estresse, hormônios estão sendo liberados e agora em maior quantidade. O que isso promove no corpo, no metabolismo, na digestão e absorção dos mesmos alimentos?
Quantas vezes você ouviu ou disse que tem “genética” para obesidade na sua família e por isso desenvolveu obesidade? Não fique triste, ou pelo contrário se alegre; as coisas não são tão definitivas assim. Para começar, vamos entender que gene é um pedacinho do seu cromossomo que produz uma proteína que age no seu organismo. Mas não é só isso. Existem muitas coisas que podem ligar ou desligar esses genes. Esta é a boa notícia e o que mais tem incentivado os cientistas a pesquisarem. Se observamos imagens antigas de filmes e vídeos, digamos 30 ou 40 anos atrás, percebemos facilmente que a grande maioria das pessoas era bem mais magra, mesmo as pessoas mais velhas. Não se fazia tanto exercício como hoje em dia, não haviam tantas academias como atualmente. Muito contraditório isso, menos exercícios e menos obesidade. Por outro lado, digo pelo lado genético da história, não houve tempo suficiente para uma ou mais mutações que teriam levado ao aumento da obesidade. O que será que aconteceu então, para que a população tenha se tornado obesa em tão pouco tempo? Fui então dar uma olhadinha nas últimas pesquisas, e parece uma briga de cachorro grande. Pesquisadores renomados com linhas de raciocínio diferentes e todos eles mostrando, por meio das suas pesquisas e estudos, motivos diferentes para o aumento da obesidade nos países desenvolvidos. Ocorre que esses estudos focam, ou apenas os alimentos ou apenas o comportamento. Mas não analisam o alimento diante de um comportamento. Por exemplo, para muitas famílias que moram aqui na Florida, algumas refeições deixaram de ser tranquilas pelo simples fato de que os filhos estão na escola na hora do almoço. Sim, o que durante décadas foi o período no qual mães e pais podiam ficar tranquilos e se dedicarem ao trabalho, compras ou outra coisa qualquer, se tornou um período de grande tensão e estresse. Todos sabemos da tragédia que ocorreu em uma escola há dias atrás. O ambiente mudou, o estresse aumentou, e este é apenas um exemplo. Como será o comportamento genético daqueles genes que estavam pouco ativos diante dessa mudança de ambiente? Durante o estresse, hormônios estão sendo liberados e agora em maior quantidade. O que isso promove no corpo, no metabolismo, na digestão e absorção dos mesmos alimentos? Ninguém sabe ainda. A alimentação mudou, mas não foi apenas isso que mudou. As pesquisas mostram que apenas mudanças na alimentação não seriam suficientes para explicar tanta obesidade. Houve mudança no ambiente e no comportamento. Essas mudanças somadas às mudanças alimentares são capazes de promover mais obesidade, porque atuam sobre os genes e sobre o funcionamento desses genes. Então, a solução para a obesidade não pode estar apenas nas dietas, ou apenas no comportamento. A solução exige um trabalho em grupo, de vários setores da sociedade e dos profissionais da saúde.