Gente certa é gente aberta

Por Roberta Dalbuquerque

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Na semana que passou, ouvi de uma de minhas pacientes a pergunta angustiada: “Quando vou parar de sentir medo de não saber?”. Ela se referia aos primeiros meses de uma maternidade planejada, comemorada e ainda assim... assustadora. “Fiquei tão impressionada com a acolhida”. Comentei ontem com uma amiga sobre a forma como me senti bem vinda em um grupo do qual (agora) faço parte. Espantada com a minha fala, ela perguntou: por que você não seria bem recebida? Desde então, esse diálogo lateja em mim. Ela está certa. Qual é a razão do espanto? Não seria de se esperar que pessoas fossem tratadas com delicadeza, que fossem ouvidas, que soubessem que sua presença faz sentido? Sim, seria. Mas queria te fazer uma pergunta: aqui entre nós, você tem experimentado estas sensações atualmente? Nas últimas conversas que teve (reais ou virtuais), notou interesse genuíno de seu interlocutor no que você dizia? Interessou-se você no texto do outro? Houve um intervalo para reflexão entre as vozes? Estavam ambos presentes? Em caso de discordância, argumentaram com tato, ainda que firmes? Nas últimas vezes em que foi convidado a participar de um grupo (de trabalho, de amigos, de whatsapp), que interesses moviam esse convite? Eles foram comunicados? Você estava de acordo? Na semana passada, eu responderia a esse pequeno questionário de maneira diferente a que respondo hoje. Possivelmente, um tantinho menos otimista. Porém o grupo a qual me referi no primeiro parágrafo me lembrou que há ainda muitos entre nós dispostos a fazer laços valiosos. Se você não os tiver encontrado, tente procurar em outros lugares, vale a pena. A música do Erasmo Carlos não me saiu da cabeça durante todo dia de hoje. Gente certa é gente aberta. Se o amor chamar, eu vou.