Geração Neymar, a geração de ouro

Por Fernando Rebouças

Desde 2010, a seleção brasileira de futebol estava órfã de líderes de peso que pudessem colocar moral e futebol de respeito perante os adversários. As páginas da história do futebol brasileiro desde então estavam em branco, com uma pichação alemã no meio devido ao placar de 7 a 1 conferido pelos alemães sobre a seleção brasileira na semifinal da Copa 2014 no Mineirão.

Após as eliminações da seleção brasileira nas últimas Copas Américas, a falta de representatividade da conquista da Copa das Confederações de 2013 pelo Brasil, dos maus resultados da seleção nas eliminatórias para a Copa de 2018 e o visível apagão que rondava a jovem geração Neymar de jogadores, a torcida brasileira havia perdido o carinho pela seleção brasileira e as demais seleções havia perdido o respeito histórico pelo nosso futebol até então.

No início da  competição de futebol  nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro de 2016, a seleção brasileira olímpica de futebol formada por jogadores da equipe sub-23, com Neymar, Renato Augusto e Weverton voltou a apresentar um futebol “amarrado” e inseguro. A partir dos empates nos primeiros dois jogos em campo, sentimos a necessidade de uma conscientização por parte da jovem Geração Neymar,  geração  formada pelo próprio Neymar e pelos jogadores que estão surgindo desde 2011.

Sabemos que jogadores como Pelé, Garrincha, Vavá, Zagalo, Rivelino, Jairzinho, Tostão, Didi, Zico, Sócrates, Romário, Bebeto, Ronaldos e Kaká escreveram as suas histórias na seleção brasileira de futebol, perdendo ou ganhando, eles jogavam com empenho, impondo medo nos adversários com chutes fortes ,  criatividade e responsabilidade tática em campo. A geração Neymar havia debutado na seleção vestindo a camisa amarelinha com cinco estrelas costuradas pelas gerações anteriores. A geração Neymar ainda não havia começado a escrever a sua própria história na seleção brasileira com força e maior identificação com a torcida, ainda não havia classificado o Brasil para uma Copa ou ganho algum título de maior expressão.

Porém, a partir do terceiro jogo nas Olimpíadas, a seleção comandada pelo técnico Micale, soube receber as sinceras críticas de torcedores brasileiros nas redes sociais e provenientes da rua. Souberam amadurecer, e começamos a assistir com felicidade ao amadurecimento necessário do craque Neymar, ele soube vestir a camisa do Brasil como nunca antes havia vestido e os demais jovens jogadores que o seguem nesta  geração também mudaram a postura em campo, especialmente, os jogadores Gabriel Jesus, GabiGol, Rafinha e Luan, o quarteto de grandes meias-atacantes que poderão crescer para as próximas copas.

O Brasil se classificou para a final olímpica vencendo Honduras por 6 a 0, enfrentou a jovem seleção da Alemanha na decisão do ouro , após um empate nos 90 minutos decidiu nos pênaltis com a defesa do nosso goleiro e com o gol de pênalti decisivo de Neymar em pleno Maracanã, palco do futebol brasileiro que testemunhou a primeira medalha de ouro conquistada pelo Brasil. O Brasil se reencontrou no Maracanã, cantou o hino nacional e realizou uma catarse no estádio para se livrar das energias negativas que tanto têm castigado o nosso país em diferentes setores.

Agora podemos afirmar que a Geração Neymar é a Geração de Ouro do futebol brasileiro, geração que ainda terá a missão que classificar o Brasil para as próximas Copas, vencer grandes seleções como a Alemanha, vencer mais Copas e ajudar a encaminhar novas gerações de jogadores no futuro. A geração Neymar já começa a ter uma grande história para contar, e torcemos para que a seleção evolua cada vez mais, nos dando exemplos e orgulhos, e que o mundo engula o Neymar de ouro.

*Artigo escrito no dia 29 de agosto de 2016, após a conquista do ouro pela seleção brasileira de futebol nas Olimpíadas 2016 no Rio de Janeiro.