Gestão de pessoas - Negócios & Empresas

Por Marcelo Mello

Fico olhando essas reportagens do Fantástico e continuo achando que o modelo de gestão de pessoas que impera no Brasil – e por que não dizer no mundo? – é completamente baseado na política do medo, da punição, da embromação.

Estou falando sobre essa “brincadeira” de plantar o CEO das empresas no chão de fábrica. É apenas e tão somente minha opinião: acho perda de tempo! Por que é preciso infiltrar um comandante para saber e descobrir a verdade do que ocorre nas camadas inferiores da hierarquia se seria bem mais fácil conversar abertamente com os funcionários? Não faz sentido mentir (fantasiando um chefe) para descobrir a verdade. Chega a ser ridículo. Provável que os trabalhadores, aqueles que fazem uma empresa “acontecer”, não teriam coragem de dizer o que ocorre de fato, de dizer e sugerir o que poderia melhorar, enfim, eles têm medo de serem punidos. Ora, ora... está se buscando a verdade, está se buscando a melhoria ou é só joguinho de cena? Óbvio que se trata de mais uma hipocrisia do ser humano.

A solução passa, repito, em minha opinião, pela liberdade de expressão e mais, passa pelo compromisso efetivo de melhorar toda a gestão de uma empresa, seja ela do tamanho que for. Já discuti isso com algumas empresas para as quais prestei serviços. Todas elas, ou melhor, todos os comandantes me disseram algo parecido: “É preciso ouvir os comandados, mas as decisões têm que ser tomadas por quem está mais preparado”.

Ao que respondi, invariavelmente: “Mais preparado porque esses comandantes têm em seu currículo mais MBAs ou cursos? E vocês ouvem como? Com pesquisas anônimas e mal formuladas?” Fico pensando em quantos talentos autodidatas são disperdiçados. Imagino quantas pessoas poderiam agregar melhores soluções para uma empresa, mas não conseguem colocar suas ideias para fora porque são impedidos por quem têm um crachá gold ou platinum.

Qual é o problema dessa gente? Bem, se formos analisar fria e, profundamente, como gosto de fazer, diria que é o poder. O poder é um dos mais devastadores e agressivos tipos de câncer. Ele arrebenta com o poderoso e com os que vêm abaixo dele. É uma doença grave, mas tem cura. Acho que essas conversas devem ser feitas diretamente, sem disfarces, sem uma TV por trás. Os “líderes” têm que descer do pedestal e passear por todos os departamentos de uma empresa a fim de ouvir diretamente a opinião dos liderados.

Criar equipes específicas para este fim e provocar uma discussão genuína, aberta e comprometida com a melhoria do todo. Discutir exaustivamente os problemas e encontrar soluções. Sem ameaças do tipo velada que sabemos existir: Quem reclamar está queimado dentro da empresa. Isso chega a ser até infantil. E precisa acabar porque as pessoas passam, as empresas ficam, ao menos até serem destruídas por “crianças mimadas”.

Discussão não é apenas uma briga, pode ser também uma boa e franca conversa que produz conhecimento. É assim que se faz uma boa gestão de pessoas.