O gigante acordou - Via Legal

Por Jamil Hellu

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Como um dos pilares da democracia, as manifestações ou protestos têm o objetivo, de demonstrar o descontentamento com algo ou a respectiva promoção em relação a coisas públicas. É habitual que se considere a manifestação um êxito tanto maior quanto mais pessoas participarem. Os tópicos das manifestações são, em geral, do âmbito político, econômico e social.

São  realizadas  através de concentrações, passeatas, marchas, caminhadas, greves de fome, boicotes (deixar de comprar determinado produto) e muitas outras mais. E, desde tempos idos, foram praticadas nas mais variadas formas dentre os mais diversos povos ou civilizações, principalmente na Grécia, considerada o berço da democracia. No século passado, principalmente na China, Estados Unidos, Índia, Hungria, Iugoslávia e Síria, manifestações públicas foram  marcadas por centenas de mortes.

Todavia, apesar de hoje serem comuns e até naturais em qualquer canto deste planeta, dois acontecimentos, inicialmente sem maiores consequências, se multiplicaram e causaram admiração em todo o mundo.

Primeiro,  na milenar  e cosmopolita Istambul, capital da Turquia, mais populosa metrópole européia, com mais de 17 milhões de habitantes. O país, bicontinental, Europa e Ásia, tem uma população de quase 80 milhões de habitantes, é governado por regime democrático há quase 90 anos e,  considerado, como o Brasil, um país emergente.

Deve este escriba destacar que, em maio passado, ao visitar esta outrora Constantinópla, ficou deveras admirado pelos costumes, diversidade cultural e o sentimento nacionalista deste  povo. Mistura do antigo com o moderno. Além da beleza, urbanismo, limpeza, educação do povo e segurança. Sem deixar passar desapercebido, quando com a esposa, caminhando pelo calçadão da Istiklal Avenida com a famosa  Taksin Square, um bonde (circula apenas no calçadão), lotado, se aproximou e parou ao seu lado. Nele estavam umas 100 pesssoas, a maioria trajando terno e gravata, participando de uma manifestação para algum fim, sem quaisquer distúrbios ou policiamento, distribuindo rosas vermelhas a todos a sua volta, dentre estes, este escriba e esposa. Pouco tempo depois, se vê esta mesma, tradicional e famosa praça, que é visitada anualmente por milhões de turistas, ser palco de incidentes, envolvendo milhares de cidadãos e polícia. O que era apenas um protesto contra a derrubada de 600 árvores do Parque Geki, considerado o  pulmão verde do centro da cidade, para construir mais um shopping, manifestantes ocuparam a praça pacificamente, a polícia interveio com violência, mangueiras e bombas de gás lacrimogêneo, matando e queimando as barracas. Mas só conseguiu acender uma reação em cadeia que envolveu todo o país em poucos dias.

A derrubada das árvores foi apenas a gota d’água, porque o verdadeiro objetivo das manifestações é a reação da maioria da população à tentativa do governo atual, encabeçada  primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan a um processo de islamização e moralização dos costumes. Ou seja, instalar um governo islâmico.

Por outro lado, graças ao poder da mídia, da internet e das redes sociais, o mundo, hoje, também está voltado para  São Paulo, onde  uma pequena manifestação, que se iniciou com uma passeata de rua contra o aumento das passagens de metrô e, repentinamente, se alastrou para todo os país. Inclusive, com grande enfrentamento entre polícia e manifestantes. Neste caso, contra baderneiros, anarquistas e militantes de facções como  MSTU, PSOL e outros, que, infelizmente, nestes momentos se infiltram entre aqueles (milhares) bem-intencionados.

Mas, tal como na Turquia, o aumento das passagens foi, também, o “estopim” de um movimento  para que centenas de milhares de brasileiros fossem às ruas, principalmente na maioria das capitais, para protestar contra tudo que há muito estava “entalado em suas gargantas”: a corrupção nos três poderes, os desmandos dos governantes, a impunidade, a insegurança, os mensalões, a “roubalheira” em nome da Copa, a falta e cumprimento de leis, o sem fim de  novos ministérios, os vendilhões da pátria, mais hospitais e escolas e menos penitenciárias.

Não há nada a temer em protestos ou manifestações populares e pacíficas. Somente ditadores a temem. Pois, quando os nossos, via voto, representantes não nos representam e governos não nos representam, ficamos legitimados a dizer, nós mesmos, o que pensamos. E mostrar o que pensamos.

Chega da compra  ou barganha por votos, prevalecendo da fome, da desgraça e da ignorância de milhões de brasileiros, hoje, ainda, a maioria da população. E que são o “prato-cheio” dos políticos canalhas que deles fazem os seus currais eleitoreiros para espuriamente se elegerem.

Às ruas, pois quanto mais elas falarem, melhor. E como disse Gianecchini na TV : “é bom para todos”.

Acorda Brasil!!!