Goleiro denuncia assédio sexual

Por Gazeta Admininstrator

O assunto é delicado. Os jogadores comentam entre eles, mas evitam declarações públicas. Como em qualquer lugar do mundo, assédio sexual existe também no futebol. Mas o assunto é tabu. O goleiro Marcelo de 21 anos teve coragem nesta segunda-feira de assumir que foi assediado quando tinha 12 anos por um preparador de goleiros quando estava no Vasco da Gama. Relembrou que, assustado, rejeitou o assédio agredindo o preparador. Foi mandado embora do clube carioca.

“Infelizmente isso acontece às vezes no futebol. Aconteceu comingo. Dei um soco no sujeito, mas foi horrível. Eu fiquei assustado e desiludido. Era um menino. Pensei em parar de jogar. Minha família me deu força para continuar”, relembra.

Agência Estado – Você parece arrependido de ter confirmado a história do assédio...

Marcelo – Arrependido, não. Mas eu sei que esse assunto pode se virar contra mim. Não foi fácil o que eu passei. Ninguém no futebol gosta de falar desse lado sujo.

Agência Estado – Você denunciou o preparador no Vasco e ainda foi mandando embora ?

Marcelo – Deram uma desculpa. Disseram que tinha outros goleiros como eu por lá. Mas sabia que era mentira. Foi por causa do preparador de goleiros. Ele também foi mandado embora no final do ano. Quiseram abafar o caso.

Agência Estado – O que você falaria para um menino que quer jogar futebol e enfrenta a mesma situação?

Marcelo – Eu não sei...O importante é não ceder, enfrentar. Não é preciso aguentar esse tipo de coisa para jogar. Se o jogador tiver condições, talento, acaba arrumando um time.

Agência Estado – Como você seguiu no futebol ?

Marcelo – Minha família é da Bahia. Meu pai tinha de vir para São Paul para tratar da sua vida. Eu vim. Mas estava decidido a estudar. Mas o pai do Wendell me viu jogando e insistiu para que eu fizesse um teste no Corinthians. Tinha uns 200 meninos. Só eu e um outro passamos. No fim, só eu fiquei.

Agência Estado – Mas a sua personalidade é forte. Você brigou com o técnico Ladeira nos juniores...

Marcelo – É verdade. Briguei e fiquei afastado por um ano e meio, treinando sozinho. Estava decidido a parar de jogar e ir morar nos Estados Unidos. Iria aprender inglês e trabalhar por lá. Estava até tirando passaporte quando o Fábio Costa brigou com o Passarella e minha vida mudou. Passei a treinar no profissional como quarto goleiro.

Agência Estado – E agora é titular...

Marcelo – Pois é. Eu tinha meus planos, mas Deus os modificou. Meu contrato terminará em março e a diretoria já quer renovar. Está tudo ótimo. Seu eu tenho raiva do preparador de goleiros do Vasco? Quero é esquecer tudo. Não deveria nem ter falado desse sujeito.