Golpistas dos cheques voltam a atacar

Por Gazeta Admininstrator

Por Atilano Muradas

Quem trabalha com e-mail, vez e outra, recebe convites para trabalhos prometendo “renda extra fácil”, oferece algo ligado a dinheiro ou alerta sobre mais um golpe financeiro. Isso, sem contar aqueles ameaçadores alertas sobre assaltos em caixas eletrônicos, cartões clonados, ou outros do tipo “cada e-mail que você repassar a Microsoft vai lhe depositar ‘tantos dólares’ diretamente na conta”.

Bem, para quem acredita em Papai Noel ou é parente da Velhinha de Taubaté, a Internet é um prato cheio. É pior que filme do Rambo.

Entretanto, enquanto todo mundo está concentrado em não ser levado no papo via Internet, os ladrões voltaram a atacar utilizando-se dos velhos golpes telefônicos, pegando os distraídos de plantão. Ligam do Brasil para o sujeito aqui nos Estados Unidos e pedem para ele trocar um cheque recebido de uma empresa americana que atua no Brasil. O larápio se apresenta como amigo do amigo ou parente, conta “aquela” estória e, no final, pede para que a pessoa desconte um cheque para ele aqui nos Estados Unidos. A proposta não é gratuita. Pelo serviço, quem desconta o cheque, recebe até 15% do valor do cheque. Quando o espertalhão diz que os cheques são de $ 1,500, $ 4,000, o neófito faz as contas rapidinho, e topa.

Alguns dias depois, o primeiro cheque chega pelo correio – de São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul, para a Flórida. O “sortudo”, que tem uma conta bancária bem equilibrada, vai ao seu banco e troca o cheque por dinheiro, afinal, o sistema bancário americano permite essas trocas “às cegas”. Em seguida, retira a sua porcentagem e deposita o restante na conta do indivíduo lá do Brasil.

Tempos depois (de um mês a até um ano, ou dois), o banco descobre que o cheque é clonado e, sem pestanejar, retira o valor diretamente da conta do correntista que o descontou. Se o valor for muito alto chama o infeliz para negociar a dívida. E não há explicações que convença o gerente.

O sujeito liga, então, para o falso amigo de São Lourenço e informa-lhe o ocorrido já ensaiando soltar os cachorros. O larápio não tem medo de dizer seu nome e endereço. O caso merece polícia, advogado, mas quem vai esse ingênuo correntista pode espernear o que for que não vai adiantar nada. O ladrão ri na cara dele e fica por isso mesmo.

Quem lê, pensa: “ninguém é idiota a esse ponto”. Entrar nesse golpe não é questão de ser idiota ou não. É questão de confiança. Foi o amigo do amigo que indicou e, a expectativa de lucro fácil pode cegar qualquer pessoa.

R.P., 40 anos, empresário brasileiro residente na Flórida, entrevistado por este jornal, afirma que foi enganado exatamente desta forma. O seu sócio na empresa recebeu e compartilhou a proposta com ele e, ambos toparam a transação. “Os primeiros cheques eram verdadeiros e de pequeno valor. Quando chegou um de 18 mil e outro de 26 mil já não tínhamos receio que o negócio era honesto. Caímos como patos. Depois de algumas semanas, o banco descobriu que os cheques eram falsos”, contou. R.C. que teve de pagar mais de 40 mil dólares ao banco. O larápio, que ele sabe nome, endereço, telefone e conta bancária, ri na cara dele autorizando-o, inclusive, a entrar na justiça.

Outro empresário, H.F., 48 anos, que é amigo de R.P., conta que recebeu a mesma proposta. Aceitou só para conferir a história do amigo. Também entrevistado por este jornal, H.F. mostrou os dois primeiros cheques que recebeu pelo correio (de $ 2,579.15 e de 4,000.00). “Os caras são descarados mesmo; não têm medo de serem presos. Estou dando essa entrevista para alertar a comunidade brasileira sobre esses larápios que querem roubar o nosso suado dinheiro”, disse. Ambos os empresários lesados contam que conhecem muitas outras pessoas igualmente lesadas.

Solicitamos aos leitores que avisem seus amigos e familiares do golpe e, se souberem de alguma outra história, por favor, enviem para a redação deste jornal. Nós nos comprometemos a manter seu nome e endereço em sigilo.