Brasil: Governo e oposição tentam captar aliados para votação do impeachment no plenário

Por Gazeta News

Brasília - A Comissão Especial do Impeachment da Câmara dos Deputados aprovou o parecer do relator Jovair Arantes pela admissibilidade da abertura do processo de afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Foram 38 votos a favor e 27 contrários (Wilson Dias/Agência Brasil)

No dia seguinte à aprovação do relatório favorável à abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na comissão especial que analisou a admissibilidade do pedido durante 25 dias, parlamentares da oposição e do governo têm reuniões com o intuito de definir a estratégia para a votação no plenário, prevista para começar na sexta-feira (15) e terminar no domingo (17), e captar votos para cada lado.

Deputados que defendem o impedimento da presidente mantêm encontros ao longo do dia 12. Apesar de integrantes da oposição defenderem cautela,  o número de votos para o afastamento de Dilma já  chegaria a 360 “com os pés no chão”, afirmam assessores da oposição, o que seria suficiente para dar continuidade ao processo e enviá-lo ao Senado.

Governistas evitam cravar um placar, mas apostam que a oposição não conseguirá o número de votos necessários pró-impeachment no plenário. Diferentemente da comissão, onde foram computados 38 votos a favor e 27 contra o impeachment, o resultado dependia da maioria simples. No plenário, são necessários dois terços dos votos dos 513 deputados, ou seja 342 votos. Para os governistas, se a oposição não conseguiu dois terços dos votos ontem (11) na comissão, também não vai conseguir no plenário.

O PT começou o dia reunido com assessores e movimentos sociais. No encontro de portas fechadas, devem ser definidos atos de manifestação e protesto, como, por exemplo, quando for feita a leitura do relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) em plenário, previsto para 2pm de hoje (12). O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também deve ser alvo das manifestações, já que os governistas o acusam de ter acelerado a tramitação do pedido. Na reunião com assessores, deputados ainda alertaram que é preciso proteger servidores que tem sido “atacados” por se manifestarem a favor da presidente Dilma.

A estratégia do PT deve seguir em clima de final de Copa do Mundo, como definiram alguns parlamentares ao entrar para o encontro. Será no corpo a corpo que pretendem garantir o número de votos para barrar a continuidade do processo. Em relação a informações de que estaria em curso uma debandada de deputado do partido, vários petistas negam e dizem que há coesão pela defesa de Dilma. Possíveis saídas podem ocorrer, conforme alguns deputados, depois das eleições municipais e se o impeachment avançar.

No PR, o impasse entre a posição do líder Maurício Quintella Lessa (AL) e a da Executiva Nacional do partido, fez com que o encaminhamento do voto de bancada fosse lido pelo deputado Édio Lopes (RO), que orientou pelo voto contrário ao impeachment. Quintella Lessa anunciou no último dia 11 o afastamento da liderança por ter opinião contrária a do partido. Há expectativas de que os deputados da legenda se reúnam hoje para tentar afinar o discurso, numa prévia para a votação do relatório em plenário.

Os líderes do PRB, Solidariedade, PSB, DEM, PPS e PMB declararam voto pelo impeachment, enquanto as lideranças do PT, PCdoB, PDT, PTN, PSOL e PEN firmaram posição contrária ao processo.

Próximos passos

Com a leitura do parecer da comissão na tarde de hoje, o texto será publicado e as sessões de debates sobre o pedido de impeachment começam às 9am se sexta-feira, dia 15. Eduardo Cunha já sinalizava que, como as discussões vão tomar dias, a expectativa é que a votação ocorra até o final de domingo, dia 17. Líderes partidários se reúnem hoje, às 3pm, para definir alguns detalhes como a presença de representantes da sociedade civil nas galerias do plenário durante estes dias e sobre a ordem de chamada dos deputados.

Ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin negou um pedido do deputado federal Weverton Rocha (PDT-MA) para que a Corte definisse a sequência de votação, argumentando que o Judiciário não pode interferir em questões internas do Congresso.