Governo reforça segurança em subúrbios de Paris

Por Gazeta Admininstrator

Violência está se espalhando pela periferia de Paris
Mil policiais foram destacados para reforçar a segurança no distrito de Seine-Saint-Denis, na periferia de Paris, depois de sete dias de violentos confrontos entre jovens e a polícia.
Cerca de cem pessoas foram presas desde o início dos choques.

O ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy, se reuniu nesta quinta-feira com as famílias dos dois adolescentes cujas mortes, uma semana atrás, devem início à série de protestos em comunidades imigrantes nos subúrbios da capital francesa.

Sarkozy prometeu às famílias a abertura um inquérito para investigar as circunstâncias das mortes.

Bouna Traore, de 15 anos, e Zyed Benna, de 17 anos, morreram eletrocutados por acidente em uma estação de energia quando, segundo testemunhas, fugiam da polícia. As autoridades negam que agentes policiais estivessem perseguindo os dois no momento do acidente.

Tensão

Segundo um correspondente da BBC em Paris, Sarkozy está tentando agora diminuir a tensão causada pelos violentos protestos.

Ele foi duramente criticado por ter inflamado ainda mais a revolta ao se referir aos manifestantes como "ralé".

Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro, Dominique de Villepin, convocou uma série de reuniões para discutir a crise.

Na quarta-feira à noite, jovens abriram fogo contra a polícia e bombeiros e atearam fogo em edifícios e lojas em vários bairros da periferia. Mais de 300 veículos foram incendiados.

Villepin condenou a violência e disse que a restauração da ordem é sua "prioridade absoluta".

Falando aos parlamentares, ele disse que a lei e a ordem terão a última palavra. "Me recuso a aceitar que gangues organizadas estejam impondo a lei em algumas vizinhanças", disse ele.

Nesta quinta-feira à tarde, ele conversou um grupo de ministros, inclusive Sarkozy, parlamentares e autoridades das regiões afetadas.

Villepin e Sarkozy são potenciais rivais para a Presidência da França em 2007, e suas diferentes formas de lidar com a crise dividiram o gabinete.

Violência

Na quarta-feira à noite, a violência explodiu em dez áreas do distrito de Seine-Saint-Denis, ao norte de Paris, habitado em sua maioria por comunidades de imigrantes pobres com altos índices de desemprego.

Em um, nesta quinta-feira, os funcionários limpavam os cacos de vidro.

"Se isso continuar, vou ter que fechar. Os clientes estão com medo", disse um funcionário de um supermercado atacado à agência Reuters.

Também houve confrontos violentos em outra área ao norte de Paris, Le Blanc Mesnil, onde um caminhão de TV foi virado e incendiado.

No distrito de Hauts-de-Seine, a oeste, uma delegacia foi atacada com coquetéis molotov.

A situação também permanece tensa em Clichy-sous-Bois, onde os adolescentes morreram, e onde começaram os protestos.

Nos últimos dias também houve incidentes em outros distritos pertos de Paris, entre eles Val d'Oise, Seine-et-Marne e Yvelines.

Os imigrantes e seus filhos formam 10% da população da França, mas muitos deles não têm cidadania francesa nem direito a voto.

O índice de desemprego entre a população imigrante é mais alto do que entre as outras comunidades francesas.

Dalil Boubakeur, chefe da mesquita de Paris e presidente do Conselho Francês para a Religião Muçulmana, disse que as condições de vida dos imigrantes muçulmanos nos subúrbios são inaceitáveis.

Eles "têm que receber as condições para viver com dignidade como seres humanos", não em "pardieiros desgraçados", disse ele.