Grande fluxo de haitianos vindos do Brasil faz EUA mudarem política de deportação

Por Gazeta News

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[caption id="attachment_75083" align="alignleft" width="300"] A maioria dos haitianos estão vindo do Brasil para os Estados Unidos pelo México e desembarcando no sudoeste do país, na Califórnia.[/caption]

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos afirmou nesta quinta-feira, 22, que será modificada a política de deportação de haitianos, em resposta à chegada de milhares de imigrantes da nação do Caribe em passagens fronteiriças entre o México e a Califórnia.

A decisão do governo do presidente Barack Obama retira proteções especiais que protegiam os haitianos da deportação após o terremoto ocorrido no país em 2010.

Desde 2011, autoridades norte-americanas evitavam deportar haitianos a menos que eles tivessem sido cometido crimes ou representassem uma ameaça à segurança nacional. Agora, eles serão tratados como as pessoas de outros países.

O secretário de Segurança Interna, Jeh Johnson, afirmou que a nova postura não se aplica aos haitianos que receberam autorização temporária para viver e trabalhar nos EUA após o terremoto e permanecem no país desde janeiro de 2011.

A mudança pode afetar dramaticamente a situação de haitianos que têm chegado até a fronteira norte-americana na Califórnia e alegam que viviam no Brasil há vários anos, mas deixaram o país por questões econômicas, viajando pela América Central e pelo México.

Autoridades de segurança disseram que cerca de 5 mil haitianos foram barrados no porto de San Ysidro, em San Diego, desde outubro, em comparação com apenas 339 no ano de 2015. Grandes contingentes também se apresentaram a inspetores dos EUA em Calexico, Califórnia, cerca de 200 quilômetros a leste de San Diego.

O fluxo de pessoas é tão grande que inspetores em San Ysidro, a passagem fronteiriça mais movimentada do país, que funcionários estão cancelando reuniões já agendadas com haitianos e dizendo que eles devem voltar em data posterior; centenas deles permanecem em um dos cinco abrigos para imigrantes em Tijuana, no México.

O reverendo Pat Murphy, diretor da Casa del Migrante em Tijuana, disse que os haitianos no posto fronteiriço de San Diego não conseguiriam uma reunião com os agentes de imigração dos EUA antes de 12 de outubro.

Deportação para o Haiti ou retorno para o Brasil

Não está claro se o Haiti está disposto a receber grandes contingentes de seus cidadãos e o quão rapidamente isso poderia ocorrer. O país deve ter eleições presidenciais em 9 de outubro. O secretário dos EUA diz que as condições melhoraram o suficiente no Haiti para que haitianos possam ser deportados, apesar das críticas de grupos pelos imigrantes.

Funcionários do DHS disseram que os haitianos, que estão em trânsito e não querem ser repatriados para o Haiti, deveriam então retornar ao Brasil (após o terremoto de 2010, o Brasil concedeu aos haitianos estatuto de residência especial para poderem viver, trabalhar e receber serviços sociais).

"Cidadãos haitianos relatam que eles estão deixando o Brasil à luz da crise econômica e da falta de empregos", disse um funcionário do DHS. "Mas nós não podemos mandar esses hatianos provenientes do Brasil de volta para o Brasil sem a cooperação das autoridades brasileiras. Nós só podemos repatriá-los para o Haiti”, afirmou.

No início desta semana, o Presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, levantou a questão com o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, em busca de ajuda com o que ele chama de “outra crise migratória." Em maio, Varela fechou a fronteira do Panamá com a Colômbia, impedindo os imigrantes haitianos, que entravam no país pela Colômbia, de ultrapassarem a fronteira.

Fonte: Miami Herald.