Grávida de 8 meses, brasileira e marido se mudam de condomínio por causa do cheiro de cigarro

Por Marisa Arruda Barbosa

cigarro

O caso de uma brasileira prestes a ter um filho, que optou pela saúde de seu bebê e se mudou de um condomínio em Deerfield Beach, quebrando o contrato, traz conscientização à comunidade sobre os riscos de se fumar por tabela.

A carioca Renata e seu marido dominicano, Amaury Rosa, se mudaram para um apartamento em Deerfield Beach, quando ela estava com seis meses de gravidez e tudo caminhava de acordo com o planejado. Até que amigos, vindo para visitas, chá de bebê, e outros eventos, alertaram o casal para o cheiro forte de cigarro que vinha do apartamento vizinho.

“Eu não sentia nada, até que começaram a nos falar. Acho que já estava acostumada”, disse Renata, de 27 anos, que vive nos Estados Unidos há oito. “Até que uma amiga do Brasil que veio para os EUA comprar enxoval para o bebê dela ficou em casa e passou mal, pois tinha alergia. Quando foi embora, ela me disse que todo o enxoval que ela comprou estava com cheiro de cigarro”.

O casal passou então a procurar pela administração do condomínio Pine Tree, em Deerfield Beach, que tentou solucionar o problema, tapando buracos e limpando o ar condicionado. Mas o cheiro continuava. Renata falou com a vizinha fumante, que até tentou colaborar, mas o contrato com o condomínio não proibia que pessoas fumassem nos apartamentos.

“Na verdade, na primeira vez que ligamos, a direção do condomínio disse que era normal sentir cheiro de cigarro, assim como de comida. Fizeram pouco caso”, disse Renata. “Mas, depois, nós insistimos, eles até disseram que poderiam nos mudar de apartamento, mas isso não garantia que outro vizinho não fumasse”.

Renta então começou a pesquisar sobre os efeitos da exposição ao cigarro para o bebê e ficou desesperada.

“O bebê estava formando os pulmões nesses meses da gestação e vi que os riscos da exposição ao fumo nesse momento são muitos”, disse Renata. American lung association Foi daí que o casal entrou em contato com o American Lung Association, que está trabalhando em parceria com o Broward Regional Health Planning Council, que tem um programa chamado TOUCH (Transforming Our Community’s Health – Transformando a Saúde de Nossa Comunidade). Renata e Amaury se conscientizaram, através da associação, que tinham o direito de se mudar do apartamento antes do vencimento do contrato.

Com essa parceria, diferentes agências em Broward estão tentando fazer com que condomínios adotem a opção de proibir o cigarro em seus apartamentos. “Casas livres de cigarro ajudam a reduzir a exposição ao cigarro por tabela (e riscos associados, incluindo asma, problemas do coração e câncer) a todos os residentes ao proibir pessoas de fumarem nas dependências”, disse um comunicado do ALA.

“Eles nos disseram que por mais que tapássemos buracos e comprássemos um purificador de ar, ainda estaríamos expostos ao cigarro”, disse Renata. “O cheiro poderia até passar, mas os riscos seriam os mesmos”.

O ALA entrou em contato com o administrador do condomínio Pine Tree, informando sobre os benefícios, tanto para a saúde dos moradores como financeiros, de transformar a propriedade em um local livre de cigarro. Mas o dono do condomínio de recusou a fazer essas mudanças e o casal não teve opção que não fosse se mudar do apartamento. “Nós não queremos leis. Estamos promovendo uma política voluntária na qual proprietários e zeladores façam isso voluntariamente”, disse ao canal do “NBC Miami”, Kamilie Belizaire, da ALA. Mesmo assim, a organização tem um longo caminho pela frente. Ainda são poucos os condomínios na região que proíbem o uso de cigarro em suas dependências. As informações sobre condomínios e outros locais estão no seguinte site: www.smokefreebroward.com. Depósito Renata e Amaury estavam vivendo no apartamento há apenas três meses e, por isso, ainda tinham um contrato de um ano com o condomínio. Eles conseguiram recuperar o depósito integral ao usar um pedido médico e o Fair Housing Law como uma justificativa para recuperarem o depósito. Mesmo assim, o transtorno não foi pequeno para o casal. “Quando nos mudamos para lá, para se ter uma ideia, o contrato era do dia 1º de maio e só terminamos de mudar no dia 15”, disse Renata, ao explicar sobre a cautela para fazer da mudança durante a gravidez. “Dessa vez, tivemos que mudar em um dia, rapidamente, e eu grávida de oito meses”. Dias depois, Renata entrou em trabalho de parto e Estevan Rosa nasceu no dia 12 de agosto.

“Eles devolveram o depósito, pois estávamos protegidos por lei, mas a dor de cabeça e os gastos com mudança novamente, apenas três meses depois, fomos nós que precisamos arcar e ninguém paga”, disse ela. “Foi muito inconveniente, mas pelo menos escolhemos pela saúde de minha família”.