Greenspan diz que déficit americano é ?insustentável?

Por Gazeta Admininstrator

Alan Greenspan, o presidente do Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, advertiu que os déficits orçamentários dos Estados Unidos estão “insustentáveis”, e conclamou o Congresso a considerar, como possíveis soluções, o corte dos gastos ou o aumento dos impostos.

Em seu mais sombrio comentário sobre o desempenho orçamentário do governo, Greenspan advertiu que os desequilíbrios anuais “não deverão melhorar nos próximos anos, a não ser que sejam tomadas ações maiores visando a redução do déficit”.

O presidente do Fed enfatizou que sua grande preferência era pela redução do déficit por meio do corte nos gastos, e não pelo aumento dos impostos. Mas ele insistiu que o Congresso precisaria equilibrar os custos que virão, após se tornarem permanentes alguns cortes nos impostos estabelecidos por Bush.

“Administrar os desequilíbrios do governo irá exigir um estudo detalhado tanto dos gastos quanto dos impostos”, disse Greenspan aos membros do Comitê Orçamentário da Câmara dos Representantes.
Embora o presidente do Fed já tenha feito pedidos semelhantes no passado, agora falou com mais veemência e discordou de forma mais dura em relação aos legisladores republicanos e ao presidente Bush, que se recusaram firmemente a restringir projetos para novos cortes nos impostos.

“Quando você começa a fazer a aritmética do que quer dizer o aumento da dívida implícito nos déficits, e você acrescenta os juros a essa dívida sempre crescente, considerando que esses juros são cada vez mais altos, o sistema se torna desestabilizador do ponto de vista fiscal”, disse Greenspan. “A não ser que venhamos a fazer algo para aperfeiçoar a situação de forma bem significativa, estaremos num estado de estagnação.”

Os comentários de Greenspan surgiram enquanto líderes na Câmara e no Senado tentam elaborar uma resolução sobre o orçamento, com um plano para os gastos e para a legislação tributária desse ano, que eles esperam apresentar já na próxima semana.
Uma questão importante nessas discussões é se haverá inclusão de provisões que facilitem a extensão do plano de cortes de impostos apresentados por Bush, que é uma das prioridades da Casa Branca.
Nenhum dos grandes cortes de impostos planejados por Bush deverá expirar esse ano, mas os cortes tributários estabelecidos em 2003, quanto a dividendos das ações e ganhos de capital, tem final previsto para 2008, e outros grandes cortes nos impostos irão expirar somente ao final de 2011.

Tornar permanentes todos esses cortes nos impostos, como quer Bush, acrescentaria cerca de U$ 1,8 trilhão (equivalente a R$ 4,9 trilhões) à dívida federal nos próximos 10 anos, de acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso, não-partidário.