“Grupo desaparecido nas Bahamas embarcou para a travessia”, afirma a PF

Por Gazeta News

[caption id="attachment_133917" align="alignleft" width="291"] Lucilei Cáritas é um dos integrantes do grupo que segue desaparecido. Foto: arquivo pessoal.[/caption]

Desde o dia 6 de novembro, 19 imigrantes, dentre eles 12 brasileiros, são considerados desaparecidos depois que ingressaram em um tentativa de travessia ilegal para os Estados Unidos.

A Polícia Federal (PF) informou na última semana ter provas de que o grupo entrou no barco na data prevista para o embarque em direção à costa da Flórida.

Dentre as provas para chegar a tal conclusão, segundo a chefe da Divisão de Direitos Humanos da PF, delegada Diana Calazans, está uma postagem na página pessoal do Facebook de um dos imigrantes no dia previsto para o embarque, 6 de novembro, que foi georreferenciada no oceano, em local próximo aos tradicionais pontos de saída dos imigrantes ilegais.

A informação foi dada em audiência pública realizada por uma comissão externa da Câmara dos Deputados, formada para investigar o desaparecimento dos brasileiros. Além de Diana, participou da audiência a delegada Sílvia Amélia Fonseca de Oliveira, coordenadora-geral de Cooperação Internacional da PF.

“Fizemos um pedido ao juiz de quebra dos sigilos telefônicos e tem algumas informações da estação de rádio-base do dia do desaparecimento. Então, temos estes dados que indicam que esses aparelhos foram utilizados até este dia e estavam georreferenciados em torres muito próximas ao litoral das Bahamas, do local de onde seria a saída do suposto barco”, explicou Diana. A delegada esclareceu, no entanto, que não há uma localização exata, apenas aproximada.

Naufrágio

A afirmação desta última semana não deixou claro se a principal hipótese neste momento é de naufrágio. “Não temos elementos do que aconteceu a partir daí”, afirmou Diana.

Porém, na semana passada, representantes do Itamaraty que participaram de outra audiência afirmaram que a hipótese mais forte seria a de que a embarcação afundou.

Cooperação internacional

A Operação Piratas do Caribe está em andamento desde dezembro, sob o comando da delegacia de Ji-Paraná, em Rondônia. No dia 9 de fevereiro foi enviado um pedido ao governo das Bahamas para cooperação internacional. Se a solicitação for aceita, a polícia brasileira poderá participar de diligências diretamente naquele país.

Diana explicou que, sem a formalização do pedido de cooperação jurídica entre as autoridades dos países envolvidos, não é possível avançar nas investigações no local do desaparecimento. Mas, a resposta a um pedido desta natureza pode levar de dois a três meses, segundo a delegada.

Nos Estados Unidos, integrantes da guarda costeira norte-americana reuniram-se na última quarta-feira, 15, com o delegado Rafael Baggio, chefe da Operação Piratas do Caribe, a fim de levantar informações sobre o que já foi apurado pelas autoridades internacionais e discutir o que ainda pode ser feito em relação à investigação.

A próxima audiência pública sobre o assunto (ainda sem data divulgada) ouvirá uma jornalista envolvida no caso e familiares dos desaparecidos. Os deputados da comissão fizeram também um requerimento para ir às Bahamas e a Miami, nos Estados Unidos, e outro em que pedem ao governo bahamense agilidade na resposta ao pedido de cooperação.

Penalidades aos coiotes

A legislação criminal brasileira não tem uma penalidade para a ação dos chamados coiotes, explica a delegada. Por isso, a dificuldade da polícia em executar operações de combate ao tráfico de pessoas. “No Brasil, não há um tipo penal que criminalize a atividade dos coiotes. Não é crime auxiliar uma pessoa a entrar ilegalmente em outro país.”

Famílias

As famílias vivem a angústia da falta de notícias dos parentes há cinco meses e algumas já estão perdendo a esperança de que possam estar vivos.

“A gente não quer perder a fé, mas como o tempo passa e nada de acharem eles, a gente pensa no pior mesmo. Se eu soubesse que iria dar nesse problema, não teria deixado meu filho ir. Ele só queria ganhar dinheiro para dar uma educação melhor para a filha”, desabafa ao GAZETA Maria Vali, mãe de Lucirlei Cáritas, de Canaã dos Carajás (PA), um dos integrantes desaparecidos.

Com informações da Agência Brasil.