Grupo teria sido enganado e roubado por coiotes, diz amigo de brasileiro morto em alto mar

Por Gazeta News

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Um acidente com um bote em alto mar matou pelo menos dois brasileiros que tentavam entrar nos Estados Unidos ilegalmente, na madrugada do dia 1º de julho.

O bote, que levava mais de 20 imigrantes indocumentados, estava acima da capacidade da embarcação, disseram testemunhas. De acordo com um jornal de Saint Martin, o grupo contava, em sua maioria, com dominicanos e brasileiros.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, havia 10 brasileiros no bote, sendo que dois deles não sobreviveram ao naufrágio: o goiano Eurico Barbosa Martins, de 37 anos, e a capixaba Silvinha da Silva Braga, de 45 anos. De acordo com o jornal caribenho “The Daily Herald”, mais uma pessoa morreu, três ficaram desaparecidas e 20 foram resgatadas.

Segundo seu cunhado, Sérgio Salazar, Eurico e outros imigrantes que tentavam entrar nos Estados Unidos foram enganados e roubados pelos chamados coiotes, que levam pessoas ilegalmente para o território norte-americano.

“Ele pagou o valor até o ponto de pegar um barco. Ao chegar lá, viram que era um bote e as 20 pessoas não quiseram entrar. Os coiotes roubaram o dinheiro deles e os obrigaram a entrar no bote”, disse Salazar ao "G1".

O bote virou em alto-mar a 7 milhas da Ilha de Saint Martin, território francês e holandês no Caribe, e ia em direção a Porto Rico via St. Thomas ou St. John. Eurico morava em Aparecida de Goiânia e saiu de Goiânia na metade de junho. Falou com a mulher pela última vez no dia 28 e disse que estava indo para os EUA. O corretor deixa uma filha de um ano.

Eurico já havia morado nos EUA, de 1998 a 2008, trabalhando no construção civil. Da primeira vez, ele entrou ilegalmente por terra, pelo México. Dessa vez, decidiu ir pelo mar. “Ele sabia que tinha riscos, mas não que poderia morrer. Ele pensou até que poderia ser deportado, mas nunca que acontecesse algo tão grave assim”, lamenta Salazar.

A outra vítima, Silvinha, vivia em Alto Rio Negro, no interior do Espírito Santo e tentava entrar nos EUA com o marido, Adilson Gonçalves de Oliveira, de 42 anos. Segundo a filha do casal, Natieli Braga, 21 anos, Silvinha não sabia nadar e faleceu. Adilson foi socorrido por policiais e quase que também não sobreviveu.

A família tem uma loja de materiais de construção em Alto Rio Novo, Noroeste do estado. De acordo com Natieli, os pais saíram de lá no começo do mês passado e pretendiam ficar nos EUA por pelo menos três anos, onde ficariam na casa de um parente para trabalhar, juntar dinheiro e melhorar a condição financeira da família. “Eles já fizeram isso antes, foram clandestinos, mas pelo México. Dessa vez foram por Bahamas, mas a gente não sabe de nada, qual o trajeto que eles fizeram, e nem com quem foram”, contou Natieli ao “G1”.

Prisões De acordo com o “The Daily Herald”, três pessoas suspeitas de envolvimento com o acidente foram presas na Ilha de St. Martin, na noite do dia 3. Duas delas estavam no barco e uma terceira teria cuidado da logística para fazer o transporte do grupo.

Depoimentos de sobreviventes indicam que a maioria do grupo chegou à ilha através do aeroporto internacional no começo do mês. Alguns disseram que pagaram $16 mil dólares aos coiotes para chegar ao destino final.