Grupos humanitários distribuem mapas de sobrevivência no deserto

Por Gazeta Admininstrator

A Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) vai distribuir entre imigrantes pelo menos 70 mil mapas do sul do Arizona, que mostram a localização de estradas, cidades e estações de água, assim como advertências sobre riscos que correm ao embrenharem-se no deserto.

A distribuição foi acordada entre a CNDH – organismo independente financiado pelo governo – e a organização de ajuda humanitária americana Humane Borders, que elabora os mapas desde 2001. Representantes de ambos os grupos negam que os mapas sirvam de guia para que os imigrantes entrem nos Estados Unidos através do Arizona.
O responsável por assuntos de imigração da CNDH, Mauricio Farah, disse que a partir de março começará a distribuição dos mapas em escritórios da Comissão em todo o País. “Não estimulamos em nenhum momento a imigração para os Estados Unidos, o que pretendemos é nos somar a este esforço de advertir sobre os riscos que correm as pessoas ao cruzar a fronteira sem a informação que deveriam ter antes de empreender essa perigosa viagem: , disse Farah.
Além das estações de água, estradas, ferrovias e cidades, os mapas também especificam detalhes sobre o número de dias necessários para realização do percurso até que se cruze a fronteira a partir do estado de Sonora, México, até alguns pontos do Arizona, nos EUA.
Na parte inferior, o mapa é acompanhado de legendas “Não vá! Não há água suficiente! Não vale à pena!”, além de informar números telefônicos da patrulhe fronteiriça, polícia local e de consulados mexicanos. Também oferece uma lista de recomendações, para caso o indivíduo decida cruzar a fronteira pelo deserto, como por exemplo, levar bastante água e comida, usar roupa adequada e botas, levar identificações e evitar passar entre maio e agosto, quando são registradas as mais altas temperaturas na região.
Farah elogiou o trabalho do Humane Borders, organização fundada em 2000, que além de elaborar os mapas de risco encarrega-se de colocar estações de água potável em diferentes pontos do deserto do Arizona, para evitar a desidratação dos imigrantes.
O representante da CNDH disse que o fortalecimento da segurança fronteiriça por parte dos Estados Unidos tem feito com que os imigrantes busquem zonas mais perigosas para cruzar a fronteira, como o deserto do Arizona.
O presidente do Humane Borders, re-verendo Robin Hoover, disse que a organização instalou 72 estações de água no Sul do Arizona e que distribuiu os mapas somente na fronteira com o México. As autoridades mexicans estimam que a cada ano imigram para os Estados Unidos cerca de 400 mil cidadãos, a maioria sem documentos.
EUA criticam publicação de mapas de ajuda a ilegais.
“Nos opomos de forma veemente à pu-blicação de mapas para ajudar os que desejam entrar nos Estados Unidos ilegalmente”, disse o secretário de Segurança Nacional dos EUA, Michael Chertoff. Ele acrescentou em comunicado que “é irresponsável” auxiliar imigrantes a empreender “este esforço sumamente perigoso e ultimamente inútil”.
Chertoff assinalou que a publicação de mapas “atrairá mais pessoas para cruzar a fronteira, resultando em mais mortes de imigrantes e no enriquecimento adicional de redes criminais de tráfico humano que exploram o sofrimento alheio”.