Guerra política deixa milhões de imigrantes no limbo - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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Uma série de chantagens e sequestros políticos está deixando milhões de imigrantes e mesmo cidadãos americanos em um clima de completa insegurança.

Essa semana, quando tudo parecia caminhar, mesmo que aos trancos e barrancos, para que jovens imigrantes pudessem dar entrada em papéis do Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA), uma ordem de um juiz no Texas impediu que a Ordem Executiva entrasse em vigor no dia 18.

Claro que, mesmo que entrasse em vigor, continuaríamos ouvindo ameaças, de todas as formas possíveis, de republicanos no Congresso que seguem indignados com a ação do presidente.

Mas, agora, parece que demos vários passos para trás em relação à reforma, caso a Casa Branca não consiga reverter a situação da ordem executiva nos próximos dias. E é assim que a vida de milhões de jovens e seus pais fica no limbo e eles se veem de volta ao medo da deportação.

Além de imigrantes inseguros, temos uma população de todo um país na insegurança, por causa de mais uma batalha que visa bloquear as ações de Obama.

Os republicanos no Congresso descartaram qualquer possibilidade de agir em relação à reforma imigratória. Com a falta de ação, o presidente Barack Obama agiu sozinho. E, como consequência, os republicanos não querem financiar o Departamento de Segurança Interna.

O DHS (do nome em inglês, Department of Homeland Security), ficará sem dinheiro no dia 27 de fevereiro, em menos de duas semanas.

Como escreveu o “Miami Herald” em um editorial publicado na segunda-feira, dia 16, o DHS não deveria estar no meio de um jogo em que o Congresso, controlado por republicanos, tenta ganhar do presidente Obama.

“Essa é a agência, criada pelo presidente George W. Bush, depois dos ataques de 11 de setembro, cuja missão é prevenir mais um ataque terrorista em solo americano, proteger as fronteiras, proteger o espaço cibernético e aplicar as leis de imigração”.

Até o momento, o Senado tentou três vezes passar a lei de financiamento do DHS, sem sucesso. No mês passado, a Câmara passou um projeto de lei de financiamento do departamento, mas impede que a ordem executiva de Obama, que protegeria 5 milhões de pessoas da deportação, seguisse em frente.

Quando Obama finalmente assinou a ordem executiva, que protegerá da deportação essencialmente pais de residentes ou cidadãos americanos e aumentará o número de beneficiados do Deferred Action for Childhood Arrivals, republicanos prometeram agir.

Primeiro, tentaram provar que a ação do presidente era ilegal. Mas não conseguiram. Depois, o presidente disse que irá vetar qualquer tentativa de parar a sua ação.

Agora, resta aos republicanos tirar os fundos do DHS em um momento em que o terrorismo continua a avançar. O proclamado “Estado Islâmico”, que não só matou americanos nos últimos meses, também demonstrou avanço no domínio territorial da Líbia, chegando mais próximo da Itália, declarando que irá “Conquistar Roma”, em um suposto vídeo no qual 11 cristãos egípcios foram decapitados.

Esse é o mesmo departamento que previne o terrorismo de avançar para dentro das fronteiras dos EUA. Mas, a segurança dos cidadãos não deve, jamais, virar tema de jogo político.