Herói, de novo - Show de Bola

Por César Augusto

Se os donos do Orlando City tivessem escrito um roteiro, talvez não ficasse tão bom quanto o que aconteceu na “vida real”. É o primeiro ano do time na MLS, a principal liga de futebol dos Estados Unidos, e o clube fez uma grande aposta: Kaká.

O jogador tem talendo e carisma. Já foi o melhor do mundo e ídolo em grandes times do futebol mundial. Kaká jogou no Real Madrid dos galáticos, jogou no Milan, São Paulo, Seleção Brasileira. É uma boa aposta, mas era um tiro único, que tinha que acertar o alvo logo de cara. Foi o que aconteceu!

O Orlando fez sua estreia na liga, no dia 8, em casa, contra o New York City, que não é nenhum bicho-papão. Levou um gol e parecia que ia ficar nisso. Amargar uma derrota, por 1 a 0, no primeiro jogo, com o estádio lotado, seria um banho de água gelada. Aí, no último minuto, falta para o Orlando.  Kaká, claro, vai para a bola.

O chute dele saiu meio torto e ia pra fora. Bateu no zagueiro, enganou o goleiro e entrou. O primeiro gol de Kaká na MLS, o primeiro gol do Orlando. O gol que entra para a história. E foi o gol de empate, já nos descontos.  Explosão de mais de 60 mil torcedores.  Kaká, que já pintava como ídolo, virou também herói. Salvador. “O cara”!

O Orlando não ganhou nada, não foi campeão, não se classificou… só empatou o primeiro jogo na MLS, mas foi o suficiente. Quer saber? O Kaká merece. O cara tem estrela. Alguém duvida que esse time já vai “nascer grande”? Acabei de ler uma reportagem bem legal do Leandro Carneiro (UOL) na internet. O repórter levanta um número bem interessante. O Orlando levou 62 mil torcedores ao estádio para o jogo contra o New York City.

O São Paulo, ex-clube de Kaká, também levou 62 mil torcedores ao estádio. A diferença é que esse foi o público do São Paulo se somarmos todas as partidas, 5, que o time fez no Morumbi esse ano. Ou seja, o Orlando acertou muito. E os times brasileiros estão errando demais.

Gosto de futebol e tenho medo de que o esporte no Brasil demore para acordar. Já é tarde, mas, se continuar assim, vai ser letal. O nosso futebol está em coma, respirando por aparelhos, e não aparece nenhum médico para dar uma olhada nesse paciente. É claro que são muitos os problemas. Administrativamente, o futebol brasileiro peca, ir ao estádio é perigoso por causa das brigas de torcidas, aquela história ridícula de “torcida única” para tentar acabar com a violência, os estádios não têm estacionamento, o transporte para chegar aos estádios é horrível… e por aí vai.

Mas tem um outro problema que é ainda maior. Falta ídolo no futebol brasileiro. Falta o jogador que faz você esquecer todos os problemas (os seus e os do futebol brasileiro). Falta o Kaká, falta o Neymar, falta o Zico, falta o Sócrates, falta o Rivelino, falta o Garrincha, falta o Ademir da Guia…

Não estou falando só de craque, estou falando do ídolo. Do cara que fazia parte do domingo do torcedor. Se a gente não visse ele jogar, a semana não começava. Os Estados Unidos estão fazendo isso, mesmo com jogadores com a idade um pouco mais avançada.  Ou seja, o país do futebol ficou para trás. Os 7 a 1 não serviram para nada. Você tem um time no Brasil, ótimo. Guarde ele no coração e na memória.

E dou uma dica aqui, escolha outro time para torcer, de fora do Brasil. Pode ser dos Estados Unidos, claro, porque o seu time de lá, se nada for feito, vai acabar. Pena.

AVALIAÇÕES DA SEMANA BOLÃO Cássio O goleiro do Corinthians pegou um pênalti batido por Rogério Ceni e garantiu a vitória do Corinthians no clássico. Deu uma sorte violenta. A bola pegou na perna dele, no travessão e saiu. Goleiro precisa disso também, de sorte. BOLACHA Fórmula 1 A temporada da principal categoria do automobilismo mundial está começando. Acho que a F-1 sofre do mesmo problema do futebol brasileiro. Falta um craque. Tem bons pilotos correndo, mas parece que falta sal, falta tempero. BOLINHA Torcida em BH De novo o torcedor faz besteira. No clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG, que terminou 1 a 1, uma bomba atirada para dentro do gramado quase acertou o repórter Christian Mascary, da Rádio Sucesso de Divinópolis (MG). O repórter desmaiou e precisou ser atendido pelos médicos do estádio.