Hora de fazer barulho - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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É chegada a hora de fazer barulho na questão da liberação das caixas da BR Courier. Mas vale explicar muito bem e detalhadamente o que isso significa.

Fazer barulho não é reclamar, repetir histórias, acusar o dono da empresa, ou entrar em briga com outros clientes em mídias sociais ou sites na internet. Isso não leva a lugar nenhum e faz com que todos percam a credibilidade. O Gazeta News recebe dezenas de comentários semanalmente sobre esse assunto, sendo que grande parte deles é insultando ou um integrante do grupo, ou o próprio jornal, ou então, o que é mais frequente, a própria empresa. Quando surge alguma proposta de solução, há poucos comentários.

Fazer barulho da forma correta nesse momento, significa unir forças e mostrar para a Receita Federal que os brasileiros que vivem no exterior são unidos e conseguem lutar pelo que quer. Um despachante que entrevistamos na matéria sobre a BR Courier, na página 26, desta edição, aconselha a fazer com que a Receita veja que as caixas têm dono e que esses donos apareçam, sem ficar à margem, como se fizessem algo ilegal. A mídia pode ser um bom caminho para se “fazer barulho”, como o próprio despachante disse. Outra opção de “fazer barulho” é participar de um abaixo-assinado, que também é citado na matéria, ou mesmo abrir um processo jurídico para assim “aparecer” frente às autoridades federais.

Mas é importante bater em uma mesma tecla novamente, que muitos não gostam. No final das contas, se empresas de mudanças fazendo envio de caixas ainda existem, mesmo depois de escândalos como o da Adonai Moving, em 2008, é porque existe demanda. Ou seja, o próprio brasileiro, que sempre tenta dar um “jeitinho”, é o culpado pela existência da empresa que sobrevive do envio de caixas para o Brasil (com encomendas para familiares, doações para crianças carentes, contrabandos, não importando a intenção) e não de mudanças de brasileiros que tenham vivido nos Estados Unidos por pelo menos um ano. Esta é a lei brasileira.

Quando não sabemos de uma lei de trânsito nos Estados Unidos, podemos até ser presos, e policiais não aceitam a desculpa de que a pessoa não sabia. É o mesmo com a Receita Federal.

Mais uma vez, assim como com diversos casos de fraudes que vemos acontecendo na comunidade brasileira em todo o país, que isso sirva como lição para o futuro. Para enviar caixas, presentes ou algo que não seja mudança do brasileiro que viveu fora do país por pelo menos um ano, apesar de custar mais caro, o ideal é enviar via correio, caso a pessoa queira garantia que a mercadoria chegue. Claro que a empresa deveria informar sobre isso antes do envio, mas não o faz. Por isso, eis o papel da mídia comunitária.

E, para tirar algo de positivo de tudo isso, mostrar que a comunidade brasileira é unida, educada e organizada pode abrir portas.