ICE investiga casos sofisticados envolvendo a imigração ilegal de brasileiros pelas Bahamas

Por Gazeta News

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Um casal de brasileiros foi acusado em um tribunal federal em Miami, recentemente, de tentar contrabandear imigrantes indocumentados a bordo de barcos vindos das Bahamas.

Fabio Rodrigues Froes e Juliana Rosa Tome Froes declararam-se inocentes diante do juiz Chris McAliley, no dia 15, menos de um mês depois que eles foram presos no sul da Flórida, num caso federal que levou à exposição de uma dimensão pouco conhecida sobre a questão do contrabando de migrantes. As informações são do “El Nuevo Herald”.

Embora seja mais comum a apreensão de barcos vindos de Cuba e do Haiti, a Guarda Costeira afirma que tem visto outros casos envolvendo várias nacionalidades diferentes, incluindo chineses, dominicanos, mexicanos e, inclusive, um número crescente de brasileiros.

Outro exemplo do que pode ser um aumento no contrabando de imigrantes trazidos ilegalmente de barco, o Customs and Border Protection interditou um barco, no dia 8 de outubro, que transportava um Romeno, três brasileiros, dois jamaicanos e sete haitianos. O romeno, Gabriel Florica, disse que ele era o capitão do navio que foi parado no condado de Palm Beach. Ele afirmou aos investigadores que pagou $2 mil dólares a uma pessoa identificada apenas como Leroy e, em seguida, viajou da Grã-Bretanha para as Bahamas, onde entrou no barco com destino à Flórida.

Registros do tribunal mostram que os investigadores federais do US Immigration and Customs Enforcement (ICE) acreditam que o casal de brasileiros era parte de uma rede de contrabando sofisticado e vasto, que trouxe brasileiros indocumentados ao sul da Flórida através de um sistema complicado, que incluiu voos do Brasil para a França, Inglaterra e, finalmente, para as Bahamas, onde os imigrantes atravessavam o trecho final de barco para chegarem na Flórida. As viagens de contrabando tiveram início em torno do ano de 2009.

Registros do tribunal do caso contra os Froes mostram que a rede de contrabando dos brasileiros foi descoberta por causa de uma parada de rotina de um barco suspeito em Hillsboro Inlet, próximo a Pompano Beach, no condado de Broward, há dois anos.

Um oficial do Flórida Fish and Wildlife Conservation, Michael Naujoks, embarcou no navio, que transportava quatro pessoas. Um deles, sob interrogatório, apresentou-se como Wellington dos Santos Silva.

Depois que Wellington e os outros a bordo foram interrogados, o brasileiro admitiu que tentou entrar ilegalmente nos Estados Unidos a partir das Bahamas. Esta foi a primeira indicação de que Wellington era um entre talvez dezenas de brasileiros indocumentados contrabandeados pela rede.

Nesse ponto, Wellington foi encaminhado para agentes do ICE, quando ele confessou que pagou $16.050 dólares para uma agência de viagens no Brasil, identificada como Costamares Viagens, preço para ser trazido para os EUA.

A confissão de Wellington foi a primeira de uma série de casos semelhantes de outros imigrantes brasileiros que também disseram aos investigadores do ICE que pagaram, à mesma agência, taxas semelhantes para serem trazidos para o sul da Flórida.

Em depoimento, Wellington descreveu a rota feita por imigrantes, dos quais a maioria já foi deportada dos EUA no passado. Ele viajou do Brasil para Paris, depois para Londres e, finalmente, para as Bahamas, onde permaneceu por um mês aguardando o barco para partir para a costa dos EUA.

Enquanto estava sob custódia no Broward Transitional Center, em Pompano Beach, Wellington teria dito a um agente do ICE que seu contato na Costamares Viagens era uma mulher chamada Juliana e que ela estava envolvida com o contrabando de brasileiros para os EUA, cobrando as taxas das pessoas interessadas em virem para a América ilegamente.

O depoimento ao ICE disse que os honorários foram pagos aos associados de Juliana em Newark, NJ, identificados apenas como Ana ou Poliana e Alexandro, Alex ou Renato. Mais tarde, Juliana foi identificada como Juliana Rosa Tomé Froes, a mulher presa com o marido, em setembro.