Imagens do Brasil

Por Gazeta Admininstrator

Quando o Festival de Cinema Brasileiro iniciou sua primeira edição, em 1987, muita gente pensou que um evento tão especializado teria vida curta no Sul da Flórida. Doze anos depois, o festival não apenas permanece firme, como também expandiu-se para nove capitais do mundo.

A fórmula deu tão certo, que seus organizadores decidiram ampliar seu raio de ação para New York, Vancouver, Milão, Madri, Buenos Aires e Hamamatsu, no Japão. Estas cidades, agora, têm seus próprios festivais de cinema brasileiro. Esta 12ª edição do evento, que teve início no dia 30, em Miami, apresentará 25 longa metragens no Teatro Colony, Wolfsonian Museum e na cinemateca de Miami Beach. A expectativa dos organizadores é de que compareçam ao evento aproximadamente 30 mil pessoas.

Adriana Dutra, diretora do festival e fundadora da Inffinito Foundation, idealizadora e responsável pelo evento, diz que a idéia de expandir o festival surgiu desde o primeiro dia, na edição de Miami. “Com o sucesso de Miami sabíamos que tínhamos em mãos um grande produto, não só para a cidade onde começamos, como para o mundo.Criamos primeiro uma interlocução com New York, que está há seis anos, depois recebemos convite para fazer em Barcelona. E hoje, formamos dez festivais de cinema”, explica Dutra.

Ela lembra que o festival começou quando o cinema brasileiro também iniciava seu renascimento no Brasil. Hoje, é grande responsável pela difusão do cinema brasileiro no exterior. “Na verdade, todos os festivais têm como objetivo conquistar público estrangeiro para o cinema brasileiro. Assim, criamos uma indústria paralela de comercialização. Mas o festival de Miami é o nosso xodó. Aqui começamos, aprendemos sobre a construção dessa indústria audio-visual, tivemos maior receptividade de comunidade e da imprensa brasileira, que sempre nos apoiou muito. O público daqui é 40% brasileiro, mas cada localidade tem sua especificidade. Miami é o que, realmente, tem maior presença de brasileiros”, diz Dutra.

A elaboração da programação de um festival com esta amplitude, explica Dutra, baseia-se na expectativa do público. “Por isso criamos a categoria de melhor filme eleito pelo público. É o nosso termômetro. O público de Miami, por exemplo, não quer sofrimento, não quer chorar. Para New York já levamos filmes experimentais, e mais autorais, por exemplo”.

Em Miami, no ano passado, a feira de negócios que acontece durante o festival gerou, segundo Dutra, uma expectativa de negócios de $700 mil. “Esse ano devemos chegar à media de $1 milhão em negócios fechados”, diz a diretora. No ano que vem o festival estará também na Austrália, na Turquia e em Londres.

Ao todo, em Miami, serão mais de 40 filmes, entre curtas, longas e documentários. Os ingressos para os filmes exibidos no Colony Theatre, Wolfsonian Museum e para a noite de encerramento no Lincoln Theater podem ser adquiridos online pelo site ticketmaster.com e os ingressos para os filmes na Cinematheque através do website mbcinema.com. Ingressos VIP custam $150, e incluem acesso a todas as exibições, festas e à premiação e show de encerramento.

Durante os nove dias de festival será exibido o melhor do cinema brasileiro, produzido em 2007 e no início de 2008. As mostras não-competitivas também exibem filmes anteriores a 2007. Produções inéditas fazem parte da mostra competitiva, entre elas Meu nome não é Johnny, com Selton Mello e Cleo Pires; A Via Láctea com Marco Ricca e Alice Braga e Não por Acaso, com Rodrigo Santoro.

Seguindo a tradição, a estréia do festival teve uma sessão grátis, ao ar livre, na praia Beach Band Shell, na Collins Avenue, com a apresentação do filme “Polaróides Urbanas”, dirigido por Miguel Falabella, e vencedor do prêmio de público, em 2007. Foi um sucesso.

O ator Selton Mello, protagonista de “Meu nome não é Johnny”, que, no Brasil já alcançou uma bilheteria de 2,9 milhões de espectadores, conversou, por telefone com a jornalista Letícia Kfuri.

Gazeta - Que ingrediente você acha que é o grande responsável por esse sucesso?
Selton - É difícil saber. Acho que foi o fato de ser uma história muito verdadeira. Eu estava fazendo o cara, e o cara está lá. Chamou muita atenção. O filme é resultado do livro, e é uma história muito peculiar, a vida desse cara, louca, surpreendente, pesada... O filme tem também algumas cenas na Europa, quando o João começa a traficar fora do País...Na produção, o mais difícil é conseguir, com veracidade, transformar o Rio de hoje no Rio dos anos 80. É mais fácil fazer tempos anteroires, que não se tem referência hoje, do que há 15 anos. Os carros eram diferentes, os tênis eram diferentes... Mas com a mão do Mauro (Mauro Lima, diretor), conseguirmos fazer de um tema pesado uma história boa de assistir. O público, por incrível que pareça, se diverte com esse cara que é o João.

Gazeta – Qual foi o maior desafio de fazer o João?
Selton – O desafio foi tentar achar a alma do João. Procurar entender como pensava, como é o humor dele, mas não imitar o João. Eu pude me dar ao luxo de criar um João. Eu vivo na mesma cidade onde o filme se passou, que é o Rio de Janeiro. Bastava tomar chope na esquina que sempre tinha história do cara, gente que fez faculdade com ele, que foi a escola, que comprou droga com ele...E isso foi muito rico.

Gazeta - Falando do festival, além da consagração de quem trabalha com cinema, você vê nos festivais alguma função de reaproximação do imigrante com a sua cultura?
Selton - É a mesma funçõa de um brasileiro que leva música brasileira ao exterior. É uma forma também de manter a brasilidade quente. É difícil viver fora, é bom ficar conectado com as coisas do nosso País. A música faz isso muito bem, mesmo porque é mais simples de fazer do que o cinema. O cinema só em um festival como esse, que é festival super sério.
Gazeta – Por que o cinema brasileiro, no Brasil, ainda tem um público pequeno, na sua opinião?
Selton - Acho que o público fareja o que ele quer. Acho que tem a ver com o público se identificar. O Meu nome não e Johnny foi fenômeno, só tinha vivido algo parecido com o “Auto Compadecia”, de ser paradona rua pra ser cumprimentado. Isso, normalmente só acontece com trabalhos de TV. E eu vivi isso com “O meu nome não e Johnny”.

Gazeta - E no exterior, você acha que as produções brasileiras recentes têm conseguido passar a sua mensagem para o espectador estrangeiro?
Selton - Acredito que sim. O Brasil é um país muito diferente. A cultura do Sul é diferente de Salvador, e diferente do Sudeste, o que é maravilhoso. É país muito rico. Ultimamente o cinema está conseguindo reproduzir esses vários “Brasis”. Somos muitas coisas e o cinema está conseguindo mostrar esses vários lados e facetas.

Gazeta - Em que momento você acha que o cinema brasileiro se tornou realmente um cinema internacional?
Selton - Nos últimos dez anos o que mais faço é cinema (estou fazendo algumas coisas em TV e teatro). Vivi grandes momentos com “Lavoura Arcaica”, que viajou o mundo, viajei com o filme, ganhamos prêmios. Cheiro do ralo, mais recentemente (sou co-produtor) também viajou mundo. Acompanhei o crescimento cinema. O cinema brasileiro está conquistando cada vez mais o mundo, cada vez tem mais respeito. Cannes está cheio de brasileiros. Isso é coisa que está sendo conquistada. Mas é importante ter o público brasileiro. Não adianta só fazer sucesso fora. Muitos têm conseguido isso, como Cidade de Deus, Dois filhos de Francisco, Meu Nome não é Johnny, Lisbella e o Prisioneiro.

Gazeta - Como anda seu trabalho como diretor?
Selton - Acabei de produzir o meu primeiro longa. ( O meu Curta “Quanto tempo Cair”, já foi exibido) . O primeiro longa, “Feliz Natal”, estou finalizando. Estréia em novembro ou dezembro, vai estar no Festival do Rio. Tem caráter natalino, se for exibido proximo ao Natal pode ser mais comovente.

Homenagens
Cinco diretores do cinema brasileiro contemporâneo serão homenageados este ano com a mostra paralela no Wolfsonian Museum. São eles: Andrucha Waddington, Fábio Barreto, Carla Camurati, Sérgio Machado e Heitor Dhalia. Todos eles já confirmaram presença e estarão em Miami apresentando seus filmes pessoalmente.

O festival seguirá apresentando filmes, todos os dias, até o dia 7 de junho. Confira a seguir, a programação, com horários e endereços. Para conhecer a programação completa do festival visite www.brazilianfilmfestival.com

Terça-feira, 3 de junho
Colony Theatre, 1040 Lincoln Road, Miami Beach, FL 33139
Ingressos –$10 www.ticketmaster.com

7:00 Sete Vidas. 2007 –19min.
Mutum. 2007- 95min.

9:30 Um Ram- Curta Metragem - 2008. 15 min.
Nossa Vida Não Cabe Num Opala. 2008. 94min.

Miami Beach Cinematheque, 512 Española Way, Miami Beach, FL 33139
Ingressos - $10. www.mbc.com (membros pagam $8).

8:30 Devoção 2007

Wolfsonian Museum – 1001 Washington Ave, Miami Beach,
Ingressos: $10 www.ticketmaster.com
8:00 Carlota Joaquina. 1995 .104min.

Quarta-feira, 4 de junho
Colony Theatre, 1040 Lincoln Road, Miami Beach, FL 33139
Ingressos –$10 www.ticketmaster.com

7:00 Dona Custódia. 200- Curta-metragem - 13min
O Grão. 2007. Curta-Metragem - 88min.
9:30 De Resto. 2007. Curta-Metragem - 12min.
Corpo. 2008 - 85min.

Miami Beach Cinematheque, 512 Española Way, Miami Beach, FL 33139
Ingressos - $10. www.mbc.com (membros pagam $8).

8:30 L.A.P.A. 2007 - 75min.

Wolfsonian Museum – 1001 Washington Ave, Miami Beach, às 8pm
Ingressos: $10 www.ticketmaster.com
Eu Tu Eles. 2000. 104 min.

Quinta-feira, 5 de junho
Colony Theatre, 1040 Lincoln Road, Miami Beach, FL 33139
Ingressos –$10 www.ticketmaster.com

7:00 Nó de Rosa. 2008. 15min.
A Via Láctea. 2007. 88min.

9:30 Esboço para Fotografia. Curta-metragem15 min.
5 Frações de uma Quase História. 2007. 95 min.

Miami Beach Cinematheque, 512 Española Way, Miami Beach, FL 33139
Ingressos - $10. www.mbc.com (membros pagam $8).

8:30 A Casa Do Tom- Mundo, Monde, Mondo. 2007. . 58min

Wolfsonian Museum – 1001 Washington Ave, Miami Beach, às 8pm
Ingressos: $10 www.ticketmaster.com
Cidade Baixa. 2005. 93min.

Sexta-feira, 6 de junho
Colony Theatre, 1040 Lincoln Road, Miami Beach, FL 33139
Ingressos –$10 www.ticketmaster.com

7:00 Café com Leite. 2007. Curta-metragem. Curta-metragem. 18min.
Falsa Loura. 2007. 105min.

9:30 Engano. Curta-metragem. 11min.
Meu Nome Não é Johnny. 2008. 115min.

Wolfsonian Museum – 1001 Washington Ave, Miami Beach, às 8pm
Ingressos: $10 www.ticketmaster.com
Nina. 2004. 85min.

Sessão Gazeta
O Gazeta apresenta no dia 5 de junho, às 9 da noite, no Colony Theater, sessão especial do filme “Cinco frações de quase uma história”. São cinco estórias ocorridas na cidade de Belo Horizonte. Com Leonardo Medeiros, Gero Camilo, Cynthia Falabella e Jece Valadão. O filme tem direção de Armando Mendz, Cristiano Abud, Cris Azzi, Guilherme Fiúza, Lucas Gontijo e Thales Bahia. Para ganhar os ingressos, gratuitamente, basta inscrever-se no site do gazeta: www.gazetanews.com , no link Promoções. O Colony Theater fica na 1040 Lincoln Road, em Miami Beach, FL 33139.