Imigração aprova Danbury para receber programa 287g
A cidade de Danbury, Connecticut, foi aprovada pela agência de imigração (ICE) para receber o programa 287g, o qual autoriza dois policiais treinados a atuarem como agentes de imigração, prendendo imigrantes criminosos. Alguns comerciantes brasileiros já temem os efeitos da lei.
A proposta enviada ao Departamento de Segurança Interna (DHS), em fevereiro de 2008, provocou muita controvérsia na cidade. No dia da votação pela Câmara de Vereadores, milhares de imigrantes se reuniram em frente à prefeitura, para protestar contra a lei, aprovada por 19 votos a 2.
A Secretária do DHS, Janet Napolitano, teria revisado todos os programas 287g, para que eles sigam o real objetivo, ou seja, prender imigrantes criminosos, e não se basear em perfil racial. Segundo o porta-voz do DHS, Matt Chandler, o novo acordo é claro no objetivo.
O assunto foi falado em reunião, na terça-feira (11), no Centro Cívico Equatoriano de Danbury. O vice-presidente, Wilson Hernandez, ainda acha que o programa não é necessário para a cidade. “Esperamos que os policiais sigam as instruções do DHS e do ICE, e que respeitem as pessoas que não são criminosas e sem envolvimento com atividades ilegais”, disse ele.
Em entrevista ao The News Times, o presidente do Centro Cívico Equatoriano, Luis Bautista, disse que os imigrantes estariam menos temerosos por conta do real objetivo da parceria, pegar imigrantes criminosos. Na opinião de Hernandez, Bautista quis dizer que as pessoas, agora, estão melhor informadas porque o próprio DHS está dando mais informação a respeito do programa.
Bautista disse que houve um mal entendido. Segundo o presidente, ele aprova a prisão de imigrantes criminosos, mas não aprova a implantação da lei porque isto pode “mandar os imigrantes embora”, a exemplo do ocorrido em 2008. Bautista disse que a preocupação agora é orientar os imigrantes. O Centro Cívico Equatoriano enviaria nota à imprensa, expressando os reais sentimentos em relação à implantação, de acordo com Wilson Hernandez.
Comerciantes temem consequências
Comerciantes brasileiros locais estão apreensivos com as consequências da 287g. Vânia Moreno, proprietária da Vania’s Travel e do Nosso Brazil Store, aprova o real objetivo de prender imigrantes criminosos, mas ainda tem dúvidas. “Eles querem tirar os indocumentados, tanto faz ser gente boa como ruim”, disse. Ela teme que o movimento caia mais a-inda. “Acho que essa cidade vai acabar”.
Para Cátia, da Mirante Agency, não há mais nada a fazer. Ela só recomenda aos indocumentados que evitem ser parados pela polícia. “Não tem mais como voltar atrás”, disse. Ela não acredita que prenderão somente criminosos. “Não acredito mesmo. Tem policial que não gosta de imigrante. Se vir uma brecha, vai querer pegar”.
Márcia, proprietária da recém aberta Women’s Fashion Shoes, disse que a lei vai dificultar muito a vida dos imigrantes. “Acho que isto leva muitos embora”. Com 95% dos clientes brasileiros, a comerciante disse que não há como ignorar a situação. Ela não generaliza, mas acredita que há imigrantes legalizados que são egoístas, ou seja, torcem para que realmente os indocumentados vão embora, a partir da implantação da 287g.
A ativista americana Jean Hislop não acredita que a lei tenha sido aprovada na cidade para pegar criminosos. Para ela, trata-se de jogada política do prefeito Mark Boughton. “Para fingir que ele está fazendo algo em termos de imigração”, disse, lembrando das eleições de 2010. Ela disse que os ativistas pró-imigrante estarão vigiando as eventuais violações dos direitos dos imigrantes. O comerciante José Carlos, proprietário da Epoch Language School, também acredita em jogo político.
Ferramenta extra
O chefe de polícia, Al Baker, disse que a aprovação foi comunicada através de carta. Para finalizar e assinar o Memorandum of Agreement (MOA), Baker se reunirá com os advogados da cidade. De acordo com ele, dois detetives serão treinados para prender os imigrantes criminosos.
A 287g, ainda segundo Baker, é um recurso a mais para as investigações criminais, as quais ocorrerão exatamente como qualquer outra, e vão abranger os imigrantes que cometeram algum crime no país de origem.
Ele afirmou, no entanto, que não vai haver batidas, e as paradas no trânsito serão por violações, e não baseadas em status imigratório.
Baker disse que a polícia de Danbury está aberta a conversações com a comunidade, uma vez assinado o MOA. O processo dever ser finalizado, em aproximadamente, quatro semanas. O MOA estará disponível, somente depois de assinado.
Opiniões divididas
A aprovação da 287g dividiu a cidade. Em entrevista ao The News Times, o advogado de imigração Michael Boyle declarou que ninguém é contra a caça aos criminosos. “Mas se chegar ao ponto de qualquer um que for preso ter o status imigratório checado e ser encaminhado ao ICE, poderá criar um temor e se tornar contraprodutivo”, alertou.
A presidente da organização anti-imigrante USCILE, Elise Marciano, se mostrou descontente com o novo acordo, o qual exclui as prisões por ofensas menores. “As pessoas aqui ilegalmente estão quebrando nossas leis e tirando os empregos dos americanos.
Temos que nos utilizar da força de nossa polícia para ajudar o governo federal a consertar isto”, disse ela. (Fonte: Comunidade News)
